O marketing para os negócios é levado à risca pelo catador de reciclagem aposentado e empreendedor Silverio Machado, 68 anos. Morador Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba, ele vende frutas diariamente na Rodovia dos Minérios (PR-092), com um carrinho azul que lembra um caminhão ao estilo do desenho animado da família Flintstones. O artifício impulsiona as vendas, que são o complemento da renda familiar.
Para Machado, vender bem soma dinheiro nas contas do mês para se alimentar, pagar o aluguel de R$ 500 na região do Bonfim, onde mora em Tamandaré, e poder investir em mais caixas de frutas para o dia seguinte. “Mesmo com o aluguel, me sobra um pouquinho ainda para fazer uma poupança. Faz dez meses que recebo aposentadoria dos recicláveis e o que vem a mais ajuda”, conta o empreendedor.
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Com as frutas, ele tira cerca de R$ 40 de lucro, por caixa. “Essa semana comecei a vender ponkan. Faço nove das graúdas por R$ 8”, divulga Machado. O estilo do carrinho de frutas ajuda a vender. É como se uma equipe de marketing tivesse caprichado no modelo do ponto de venda.
De onde veio a ideia?
Machado diz que começou a trabalhar com recicláveis em 2002, com um carrinho de mão emprestado de uma prima. “Fiquei três meses trabalhando com esse carrinho. Depois, fiz o meu. Foram 20 anos, até conseguir me aposentar. É que eu tinha mais 15 anos pra contar, de quando trabalhei registrado”, revela. A aposentadoria é de um salário mínimo.
Lá atrás, na sua trajetória como catador, a ideia de ter uma cobertura no carrinho de recicláveis veio depois de uma chuva. Ele pediu para um conhecido que mexe com serralheria fazer. Foi essa iniciativa que gerou o aperfeiçoamento para o atual carrinho azul que parece um caminhão dos Flintstones. Só que a ideia não foi de Machado, mas do pessoal que quis fazer uma surpresa de Natal para ele.
“Eu ganhei como uma surpresa. A turma fala que parece um caminhão Ford. Parece, né?”, questiona.
Dentro do caminhão tem cinto de segurança, porta-luvas e um tipo de leme que vai dando a direção. Mas a força para fazer o veículo andar é mesmo das pernas e dos pés do motorista, daí a referência com o desenho animado, no qual os personagens Fred e Barney dão a partida em seus carros patinando. “Eu ainda queria colocar um banquinho e um motor aí na frente. Mas a turma gosta desse aqui”, brinca Machado.
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Quem quiser cruzar com o “Ford” azul deve ficar atento aos pontos de parada da Rodovia dos Minérios, no trecho entre Curitiba e Tamandaré. Machado não tem um local fixo. Se o ponto de venda “deu ruim” no dia anterior, ele troca de lugar no dia seguinte.