Curitiba

Clandestinos disputam passageiros e brigam com taxistas e motoristas de apps no aeroporto

Escrito por Gustavo Marques

A plataforma de desembarque no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba tornou-se espaço de irregularidade, que ameaça a segurança de quem chega a capital do Paraná. O local, usado por passageiros está atraindo motoristas clandestinos que se apresentam como se fossem cadastrados em aplicativos de carona. Brigas dentro do terminal e ameaças de morte foram presenciadas e aumentaram o clima de tensão na última semana.

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Na última segunda-feira (13), uma briga dentro de um dos banheiros envolveu uma taxista e outras duas pessoas apontadas como clandestinos. A mulher ficou ferida na cabeça e nas costas e provocou uma correria no saguão dos companheiros de táxi. Equipes da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal de São José dos Pinhais foram acionadas pela segurança operacional e patrimonial do Afonso Pena. A PM ouviu os envolvidos, registrou a ocorrência e os brigões foram liberados.

Após a confusão, ameaças de morte. Um clandestino chegou a avisar a um taxista que sabia onde ele morava e que algo poderia acontecer na base da força. “O bagulho vai ficar louco e não vamos ficar apanhando. Puxe minha ficha e vai perceber que não devo nada. Paguei tudo! Fui presidiário e tenta fazer algo. Não agride sem saber quem é irmão, temos a força da arma”, reforçou o pirata preocupado com a mobilização entre taxistas e aplicativos regularizados.

Como funciona o clandestino?

Clandestinos abordam passageiros logo após a saída pelo desembarque. Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo

O esquema dos clandestinos não é nenhuma surpresa para quem está acostumado a frequentar o aeroporto. A abordagem ao passageiro que desembarca no aeroporto funciona com duas mulheres. Elas se aproximam do viajante e perguntam se estão precisando de um motorista.

 “Vai uma corrida com aplicativo? É mais barato que pedir, hein? Já tem um ali esperando o senhor”, são frases ditas que funcionam como uma espécie de pressão e estratégia para que o passageiro que muitas vezes está um pouco desorientado entre na conversa e aceite o clandestino. Ao entrar no carro, o pirata alega que não liga o aplicativo, pois a plataforma irá recolher parte do pagamento com as taxas da corrida. Se o passageiro chegou a fazer o pedido de um carro, o motorista aconselha o cancelamento.

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Adriano Orosco, 42 anos, é presidente da União Nacional dos Motoristas de Aplicativos (UNMA) e relatou à Tribuna do Paraná que este grupo montou uma espécie de milícia nas proximidades do aeroporto e que eles usam da violência para amedrontar outros motoristas.

“Eles começaram a montar uma milícia e têm hoje aproximadamente 20 carros. Sabemos as placas e quem são, mas não podemos entrar em confronto. Eles ameaçam com chave de roda e chegaram a quebrar vidros de um taxista. Já teve casos em que lesaram o consumidor com preços acima do mercado nas corridas e o passageiro não tem nenhuma segurança dentro de um carro clandestino”, comentou o presidente da UNMA.

Preocupado com esta ação agressiva dos piratas, Adriano Orosco já pediu ajuda as autoridades competentes nas proximidades e dentro do próprio aeroporto.

Busca pelos “piratas”

A Secretaria de Transporte e Trânsito de São José dos Pinhais, responsável pela fiscalização no Aeroporto Internacional Afonso Pena, acompanha o caso desde o fim do ano passado, após denúncias de taxistas e motoristas de aplicativos. Na semana passada, Fabricio Tambolo, diretor da secretaria, acompanhou uma blitz na tentativa de localizar os clandestinos.

“É fácil verificar a irregularidade, mas quando chegamos lá, eles foram avisados da nossa presença. Já tivemos anteriormente casos de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas, com diversos antecedentes criminais e portando tornozeleira eletrônica.  São dois ou três grupos que atuavam na Rodoferroviária de Curitiba e agora migraram para São José dos Pinhais. Estamos fiscalizando com a apoio das Policias Civil e Militar e encaramos como transporte clandestino de pessoas, que é uma infração gravíssima ao Código de Trânsito. O transportador pode ser punido com multa de até R$ 1,5 mil e de ter o veículo apreendido”, explicou Fabrício.

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Já a Infraero, administradora do Aeroporto Afonso Pena informou, por meio de nota, que mantém diálogo constante com órgãos de segurança para garantir tranquilidade dentro das instalações. A empresa conta também com uma equipe de segurança que realiza rondas pela área do aeroporto e caso aconteça alguma atitude suspeita ou ilícita no saguão ou em outras áreas, as autoridades policiais competentes são acionadas imediatamente.

A Polícia Civil, no entanto, ainda não teve reclamação registradas por usuários ou até mesmo das ameaças aos motoristas. “Indicamos que os usuários fiquem atentos e evitem pegar este tipo de infrator.  Os aplicativos possuem motoristas capacitados e com a realização de uma triagem que verifica todos os dados da pessoa. É primordial que as pessoas denunciem os clandestinos”, explicou Marcelo Magalhães, delegado da Furtos e Roubos de Curitiba.

Fora do padrão é ilegal

Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo

As principais empresas de aplicativos no Brasil como Uber e 99 alertam que o transporte é ilegal e que o prejudicado é usuário. A Uber reforça que qualquer viagem feita fora dos padrões não é uma viagem segura, pois a empresa não poderá disponibilizar ferramentas de tecnologia que oferecem segurança dentro da plataforma. Além disto, em caso de qualquer transtorno, não oferecerá seguro em casos de acidentes pessoais.  

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A 99 esclarece que os usuários são proibidos por legislação de adotarem a prática de fazer corridas fora do aplicativo, pois não irão contar com as funcionalidades de segurança que a companhia oferece, com recursos como alerta de áreas de risco, compartilhamento de rotas e o botão para ligar para a polícia.

Sobre o autor

Gustavo Marques

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