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Foi-se a época que os circos eram apenas pequenas companhias em busca de algum espaço para se apresentar. Lonas mal conservadas, instaladas em locais barrentos nos dias de chuva. Picadeiros precários e arquibancadas desconfortáveis. Hoje os tempos são outros. Os circos se profissionalizaram, viraram empresas, têm funcionários com carteira assinada, investiram em boas lonas, conforto e tecnologia, para manter a magia da arte circense.

O empresário Mário Ferreira Casção Júnior, 40 anos, o “Júnior”, é dono do Circo Fantástico. Seus avós eram circenses, seus pais foram donos de circo (e hoje o acompanham pelo Brasil), uma de suas irmãs é dona de outro circo, o Maximus, entre outros parentes empresários circenses. E assim como na família de Júnior, a maioria dos circos brasileiros são negócios passados de pai para filho. O Brasil tem cerca de 400 circos, a maioria de pequeno e médio porte (de 12 a 20 pessoas na equipe). Já o de Júnior e o de sua irmã, por exemplo, são considerados de médio para grande porte. O Fantástico tem uma das maiores lonas do País, capacidade para 900 pessoas e emprega 45 pessoas com carteira assinada.

Júnior mostra que é possível ganhar dinheiro com o circo. No entanto, é um negócio que também consome muito para ser mantido. “Outros tipos de empresários trabalham em cima de um orçamento X e sabem que só podem gastar aquilo. No circo, a lógica é inversa. A cada nova cidade, eu sei o quanto eu vou gastar. Mas nunca sei o quanto eu vou ganhar. Depende do público, das condições climáticas, de vários fatores. É um negócio arriscado”, diz o empresário, que nas épocas “boas”, guarda dinheiro para pagar as contas dos tempos de arquibancada vazia.

Muito custo

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Para se instalar em um terreno, é preciso pagar aluguel, água, luz, os impostos municipais, os alvarás de funcionamento, etc. A lona precisa de manutenção (não pode acumular poluição, geada e orvalho e sempre é lavada com sabão neutro) e de tempos em tempos precisa ser trocada. A lona de Júnior tem sete anos, mas já encomendou uma nova, que ficará pronta em outubro, ao custo de R$ 600 mil. “Sem contar que vou ter que adaptar toda a iluminação nela”, diz.

Quando o circo chega a algum terreno barrento, Júnior manda colocar pedras britas e faz pequenas barreiras de concreto para evitar a invasão da água e do barro no picadeiro. Ele prefere locais asfaltados ou calçados, de preferência ao lado de shoppings, grandes lojas ou supermercados, porém o aluguel é maior. Divulgar o circo também sai caro. Além da divulgação tradicional (TV, rádio, jornal, outdoor, mobiliário urbano, etc.), ele chega a gastar até R$ 10 mil impulsionando publicações nas redes sociais, ao longo de 40 dias.

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E por conta de tantos gastos, ele (e nenhum circo no Brasil) pode se dar ao luxo de ficar um fim de semana sem espetáculo. Tanto é que sempre fazem o encerramento nas cidades aos domingos, para já viajar segunda-feira (com oito carretas, oito trailers e dois ônibus), montar tudo na nova cidade, conseguir todas as licenças necessárias e na sexta-feira estar reiniciando os espetáculos.

Negócios + negócios

A vida de Júnior é bem corrida. Passa o tempo todo grudado ao celular, checando e respondendo mensagens, negociando parcerias, viajando para negociar espaços nas próximas cidades, observando a possibilidade de contratar mais artistas, vendo novos investimentos no espetáculo, verificando se a arrecadação de bilheteria é suficiente para pagar as contas, checando como estão as atrações e planejando novos números, além de ser o apresentador do espetáculo.

O empresário bem que tentou levar uma vida “parado”. Morou quatro anos em Rondônia, onde teve três comércios grandes. “Mas não consegui. Circo é o que eu sei fazer”, diz ele.

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De Curitiba, ele está indo a São Mateus do Sul, onde vão passar duas semanas. Segundo Júnior, muitas vezes é mais fácil lotar a lona em cidades pequenas, onde o circo é a “novidade do momento”, do que em grandes capitais.

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