Começou com a cerveja. Depois veio o hambúrguer. Estrelas da cozinha artesanal, os lanches e bebidinhas que começaram a fazer sucesso nos “rolês” de rua conquistaram um nicho tão forte no mercado que, hoje, o Brasil assiste a um verdadeiro boom do segmento. Para se ter uma ideia, quando se fala no mercado de hambúrgueres artesanais, o país movimentou mais de R$ 700 milhões em franquias, apenas em 2017, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising. Nesse cenário, Curitiba não fica para trás. Considerada um dos principais polos gastronômicos do país quando o assunto são hamburguerias, home breweries (cervejarias artesanais), ou panelarias (produções de cerveja caseira), a capital paranaense assiste a “febre artesanal” ganhar novas versões, expandindo-se para além da cerveja e do fast-food.
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Manhã de sexta-feira, bairro Pilarzinho em Curitiba. No subsolo de uma delicatessen situada na Rua Carlos Augusto Cornelsen, a dupla de empresários, Fabio Duarte e Leonardo Morrone, parecendo adivinhar a fome que nos assolava, esperava a equipe da Tribuna do Paraná com uma enorme tábua de linguicinhas fatiadas, recém preparadas, para compor o tira-gosto da entrevista. Profissionais que somos, prioridades acima do lazer. Fortes, resistimos até o fim da conversa para degustar o aperitivo. Valeu a pena. No fim das contas, além da história do empreendimento tivemos a chance de experimentar – e aprovar – um dos carros-chefes da Charcutaria Curitibana: empresa jovem mas que já conquista espaço no segmento gastronômico artesanal de Curitiba.
Tudo começou com um despretensioso desafio, há cerca de três anos. “Nosso grupo de amigos se reunia semanalmente pra jogar bola e fazer churrasco. Numa dessas o pai de um deles chegou com uma linguiça gourmet da região de Porto União, em Santa Catarina, dizendo que nenhuma outra jamais chegaria aos pés daquela”, relembra Fabio. Na brincadeira, o então administrador de empresas lançou a si próprio a missão de elaborar uma receita imbatível, que conquistasse o paladar dos camaradas, vencendo por unanimidade a temida linguiça de Porto União.
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“Comprei diversas carnes, tripa e tudo que achei que precisaria para fazer linguiça. Completamente desorientado e sem ideia do que estava fazendo, levei toda a parafernalha pra casa e me pus a inventar”, lembra Fabio entre risos. O esforço rendeu bons frutos. Apesar de ter passado quase doze horas seguidas internado na cozinha de casa, a receita fez sucesso no churrasco da semana seguinte. “Fizemos a linguiça e a aprovação foi instantânea. O que começou como piada virou a estrela do churrasco dos amigos”, revela. Não demorou muito para que as primeiras encomendas surgissem e, assim, o pequeno negócio começou a dar os primeiros passos. Com a ajuda do amigo, Leonardo, também integrante do time de futebol, a produção ganhou reforço e não demorou para que se expandisse a ponto de demandar um espaço maior do que a cozinha da casa de Fabio.
Aberta oficialmente em janeiro de 2015, a Charcutaria Curitibana já contava com um público fiel quando as primeiras linguiças manufaturadas chegaram às gôndolas dos açougues e boutiques da cidade. Com a produção transferida para um frigorífico situado no bairro Umbará, as três receitas fruto da criatividade da dupla, encontraram certa resistência por parte do público nas primeiras vendas. “As pessoas estranharam um pouco a presença de alguns ingredientes na linguiça como tomate seco e damasco, mas depois de experimentar, a maioria caiu de amores”, afirma Leonardo.
A partir de então, as vidas dos amigos deram uma verdadeira guinada. Dedicando-se exclusivamente à Charcutaria, Fabio abriu mão do emprego que tinha como administrador de empresas e Leonardo passou a dividir o (já curto) tempo, entre a profissão de jornalista e o empreendimento. Apesar da espontaneidade com a qual a Charcutaria foi idealizada, Fabio afirma que, antes de abrir o negócio, estudou afundo o mercado no qual pretendia se inserir, além das estratégias necessárias para que se colocasse num segmento tão fechado e preso às tradições. “Muita gente encara a linguiça como a carne de segunda. Como a parte do churrasco que ninguém quer comer e, quando se fala em linguiça premium, Curitiba já conta com suas marcas tradicionais. Foi arriscado de certa forma, mas como ninguém nunca tinha experimentado receitas como as nossas, acabou dando muito certo”, comemora. De fato. Deu tão certo que a produção da “jovem” Charcutaria Curitibana já bate a marca de uma tonelada ao mês.
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Distribuídos por todos os bairros da cidade, os pontos de venda são basicamente açougues tradicionais e boutiques de carnes. Alguns bares, restaurantes e food trucks também oferecem as delícias em porções. Com diferentes sabores, as linguicinhas vêm em três versões: “apimentada”, “provolone com tomate seco” e “damasco com castanha do Pará”. Antes que alguém torça o nariz, Fabio garante: “a de damasco não é doce”. Um pouco mais caras que as linguiças comuns disponíveis no mercado, as linguiças artesanais custam mais justamente por conta dos ingredientes utilizados na fabricação e, é claro, a qualidade da carne, proveniente exclusivamente do pernil suíno.
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Com planos de lançar uma nova receita em breve, a dupla de empresários não economiza na originalidade. “Estamos desenvolvendo uma linguiça de pinhão. Já fizemos os primeiros testes e ficou muito bom”, garante Leonardo. Inovadora, a jovem charcutaria vem para derrubar o mito de que a iguaria é só enganação, mostrando que pode sim, ser rainha do churrasco e que, quando o assunto é criatividade, o curitibano não enche linguiça.
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