A pandemia de coronavírus (covid-19) traz uma preocupação constante com a saúde das pessoas, que é o principal fator para ser resolvido com a vacinação e pesquisas sobre tratamento da doença. Ao mesmo tempo, a área de assistência social luta com dificuldades para dar apoio à população mais necessitada.
As doações de alimentos e de produtos de limpeza e higiene diminuíram em Curitiba com a pandemia e as instituições pedem que, quem puder, continue ajudando para que os necessitados não passem fome. Uma delas é o RCC III Milênio, um braço do Rotary na capital, que estabeleceu o objetivo de ajudar trabalhadores de 18 associações de catadores de lixo reciclável, que somam cerca de 290 famílias e 600 crianças. A campanha leva o nome de “Reciclando a Esperança“.
Segundo o RCC III Milênio, a campanha consiste em arrecadar alimentos não perecíveis, roupas e cobertores para os catadores de recicláveis das 18 associações. Quem tiver produtos de limpeza também pode levar. As doações podem ser entregues no Bairro Alto, em Curitiba, na Rua Sebastião Alves Ferreira, número 1901. Os horários de recebimento são de segunda à sexta-feira, das 8h30 às 18h, e aos sábados das 8h30 às 17h.
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Para quem está necessitado e precisa se alimentar e cuidar da família, faltam palavras para agradecer a iniciativa. O auxiliar de pedreiro e agora catador Roberval Marques, 48 anos, está há sete meses trabalhando em uma associação de reciclagem no Boqueirão. Ele deixou a família em São Paulo e veio para Curitiba com a esposa, de 43 anos, há cerca de um ano.
O casal queria mais oportunidades de trabalho, mas a pandemia os deixou sem rumo. “O pedreiro que me dava trabalho de auxiliar faleceu de covid. Ficou difícil, mas encontrei trabalho aqui. Tem aluguel, água, luz para pagar. Não chegou a faltar, mas quase faltou alimento. Faz muita diferença quando as pessoas ajudam. Um quilo de arroz, sal, óleo, ajuda muito. Quase não sei o que dizer para agradecer”, explica Marques.
O catador mora em Almirante Tamandaré, no Tanguá. Para chegar até o trabalho no Boqueirão, Marques acorda 4h30 para dar tempo de pegar o primeiro ônibus às 5h20. “Pego seis ônibus para poder pagar uma passagem só. Vou de tubo em tubo e consigo chegar às 7h no trabalho, para começar às 8h. A gente batalha bastante”, conta.
Pra sobreviver
Quem também corre atrás de uma vida melhor é a haitiana Midelaine Adriane, 35 anos. Ela vive há sete anos em Curitiba. O trabalho dela era como confeiteira e cozinheira em restaurantes, mas a crise no setor, durante a pandemia, a levou a se tornar catadora para não passar fome.
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“Já faltou comida para mim. Minha vida está muito complicada. Moro sozinha, me mandaram embora do outro trabalho por causa da pandemia. Está tudo tão caro nos mercados. Eu preciso de ajuda. Isso me dá um pouco de tristeza, mas vou lutando para sobreviver”, diz.
Sobre a organização da campanha de doações, o RCC III Milênio explica que o objetivo é dar apoio aos trabalhadores desse setor que também tem sido prejudicado pela pandemia. Com o aumento do recolhimento informal de reciclados, a quantidade que chega nas associações, muitas vezes, não é o suficiente para dar um ganho financeiro adequado a essas pessoas.
“Vamos em busca de apoio aos trabalhadores que, já com ganhos modestos, tiveram seus proventos ainda mais reduzidos com a chegada da pandemia, de forma que suas necessidades básicas estão mais fragilizadas ainda. São ações que arrecadam alimentos, agasalhos, medicação e produtos para higiene pessoal, através da mobilização de associados e parceiros, e suas redes de contatos”, descreve o analista de sistemas Paulo Madalena, 58 anos, conselheiro no RCC III Milênio.
Gratidão
As associações agradecem a iniciativa da campanha “Reciclando a Esperança” e incentivam as doações. “Sabemos o quanto os nossos trabalhadores são esforçados e o quanto eles lutam para ter uma melhor qualidade de vida. Na pandemia, ficou difícil para todos. Por isso, nós torcemos pelo sucesso da campanha, para que eles possam receber cestas básicas e sentir o alívio de poder se alimentar bem nesses dias tão complicados”, finaliza a Denise Garrett Kriguer, 48 anos, da 3R’s Associação de Materiais Recicláveis.
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Para mais informações sobre as doações, o contato pode ser feito pelo WhatsApp de atendimento da Tribuna (41) 99683-9504. O horário é de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.