Cadê a reforma?

Caída nos fundos do Terminal Cachoeira, em Almirante Tamandaré, a placa que anuncia a reforma do local não convenceu os passageiros e trabalhadores do sistema de transporte coletivo. Sem o lembrete de que o espaço passaria por uma revitalização, muitos até se esqueceram do projeto enquanto convivem com as condições precárias do terminal de ônibus.

Trabalhadores têm que beber água de torneira do lado de fora. (Foto: Gerson Klaina)
Trabalhadores têm que beber água de torneira do lado de fora. (Foto: Gerson Klaina)

A situação da placa, que antes de cair durante um vendaval ficava ao lado da entrada para pedestres, é apenas um dos problemas no terminal. Mesmo recebendo aproximadamente 20 mil passageiros que chegam diariamente por pelo menos dez linhas de ônibus que atendem Almirante Tamandaré e Curitiba, a estrutura pequena não comporta o grande movimento, especialmente nos horários de pico. É comum filas de coletivos se formarem para fora do espaço, enquanto os usuários ficam aglomerados.

O principal problema está nas condições dos banheiros, que inviabilizam o uso, especialmente pelas usuárias e funcionárias mulheres. “É imundo. A gente evita ao máximo e só usa quando não aguenta mais. Não tem torneira e a tranca não funciona”, conta uma cobradora, que preferiu não se identificar. Ela disse que já teve infecção urinária por causa da situação. A solução é usar uma torneira que fica para fora do terminal, mas junto a uma área com bastante sujeira e acúmulo de lixo. “Não tem condição, não tenho coragem de entrar só pelo odor que vem lá de dentro”, comentou uma passageira.

Em Almirante Tamandaré, estrutura do pequeno terminal não suporta o movimento das linhas de ônibus e de 20 mil passageiros por dia.(Foto: Gerson Klaina)
Em Almirante Tamandaré, estrutura do pequeno terminal não suporta o movimento das linhas de ônibus e de 20 mil passageiros por dia.(Foto: Gerson Klaina)

A segurança também deixa a desejar. Mesmo com guardas na entrada do terminal, é difícil conter baderneiros e vândalos que invadem e depredam o local. De acordo com a cobradora, os assaltos são comuns. “Volta e meia alguém quebra o vidro da nossa guarita e ninguém faz nada”, conta.

Expectativa

Mesmo sem saber quando as obras irão começar, os usuários especulam quais melhorias a reforma pode trazer. “Seria ótimo. Precisa aumentar as linhas que passam por aqui. Eu tenho que vir andando até o terminal porque o ônibus não passa depois das 8h”, comenta a auxiliar de serviços gerais, Luciana Rodrigues.

Até os taxistas que trabalham no ponto em frente ao terminal esperam ansiosos pela reforma. Só assim será possível fazer melhorias para o espaço onde eles recebem os clientes, a maioria, inclusive, que sai do terminal. “Isso afeta a gente. Não podemos fazer nada aqui porque não liberam enquanto não reformarem o Cachoeira”, comenta o taxista Pedro Kammers. “E aqui é um perigo, sempre tem acidente na entrada para os ônibus”, completa Elias Souza Granato Jr.

Eles também consideram as condições do terminal precárias. “Podemos usar o banheiro depois que o terminal fecha, mas não dá, é horrível”, comenta Daniel Rezende da Silva.

Sem previsão

Os Caçadores de Notícias procuraram a prefeitura de Almirante Tamandaré e com a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), o órgão do governo do estado responsável pelo transporte metropolitano. Não houve resposta até o fechamento desta edição.

De acordo com uma matéria publicada no site do governo do Estado, o protocolo de intenções para a reforma e ampliação do Terminal Cachoeira foi assinado pelo governador Beto Richa e o prefeito de Almirante Tamandaré, Aldinei Siqueira, no dia 1.º de abril deste ano. O investimento divulgado na época é de R$ 1,5 milhão, recursos da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Urbano. O texto, no entanto, não divulga a previsão para o início das obras.

Estado dos banheiros deixa funcionários e usuários revoltados. (Foto: Gerson Klaina)
Estado dos banheiros deixa funcionários e usuários revoltados. (Foto: Gerson Klaina)

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Carolina Gabardo Belo

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