Cansados da rotina de furtos e roubos nos estabelecimentos, comerciantes da Rua Doutor Faivre, na região central de Curitiba, decidiram tomar uma atitude e, por conta, fazer a sua própria segurança. Duas sirenes, instaladas na quadra entre a Rua Comendador Macedo e a Benjamin Constant, passaram a dar mais tranquilidade a quem trabalha na região.
A medida, proposta pelo empresário Raul Bizerril, foi uma solução em meio à onda de criminalidade. “Só o meu restaurante foi arrombado cinco vezes nos últimos anos, e o prejuízo passou de R$ 10 mil. No entanto, os bandidos não dão folga e agem também em plena luz do dia. É roubo de celular, de carteira ou do faturamento diário dos meus vizinhos”, desabafa.
De acordo com quem trabalha no local, os assaltantes têm, quase sempre, o mesmo perfil: idade entre 16 e 25 anos, possuem faca ou qualquer outro objeto cortante e, muitas vezes, estão de bicicleta, para conseguir fugir rapidamente. As ocorrências são registradas, em média, ao menos uma vez por semana e costumam acontecer pouco antes da hora do almoço.
A ideia das sirenes é simples, mas funcional. Cada um tem um controle remoto e, em caso de emergência, aciona o alarme. “A orientação é para que, em caso de disparo sonoro, todos saiam para a rua. Quem não sai, é porque está sendo assaltado”, explica Raul. Até agora, oito estabelecimentos contam com o recurso, mas, com o sucesso da iniciativa, pelo menos outros dois já mostraram interesse em adquirir um controle para disparar as sirenes.
Funciona!
As sirenes foram instaladas há pouco mais de dois meses e já ajudaram a resolver duas situações de roubo. A primeira, em uma banca de revistas. Ao receber voz de assalto, a proprietária apertou o botão e, com o barulho, o assaltante fugiu sem levar nada. A segunda ocorrência, na semana passada, foi em um café, bem na esquina da Rua Doutor Faivre com a Rua Comendador Macedo. Ao perceber a entrada de dois homens armados um com faca e outro com um revólver de brinquedo, o empresário Sérgio Muradás recorreu ao botão de pânico.
Em menos de dois minutos, todos os vizinhos estavam do lado de fora do estabelecimento, e conseguiram conter os assaltantes. “Mantive a calma e apertei o alarme sem eles notarem. Quando percebi, estava todo mundo por aqui. O pessoal conseguiu segurar eles até a chegada da Polícia Militar”, comemora Sérgio.
Campeão em ocorrências
O Centro de Curitiba figura como bairro que mais possui registros de furtos e roubos consumados nas estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Só nos primeiros três meses deste ano, foram registradas 3.260 ocorrências 1.966 furtos e 1.294 roubos. A média é superior a 36 casos por dia. Para efeito comparativo, o segundo bairro na lista é a Cidade Industrial de Curitiba (CIC), com 520 furtos e 492 roubos de janeiro a março de 2016.