Há poucas horas da cirurgia na qual dará adeus à mama esquerda, a educadora Fernanda Coan não esboça nervosismo, muito menos tristeza. Ao contrário de grande parte das pacientes que tratam o câncer de mama, a jovem encara com positividade a mastectomia já que, graças ao procedimento, pode ter a chance de desenvolver nova doença reduzida em mais de 80%.
A operação, que faz parte da 2ª Maratona Cirúrgica do Câncer de Mama ou apenas “Maramama”, viabilizada pelo Hospital Erasto Gaertner, será realizada de graça, em conjunto com outros 14 procedimentos parecidos, sob o comando de oncologistas conceituados.
Todas as operações serão transmitidas ao vivo para cerca de 40 outros profissionais inscritos que acompanharão os procedimentos por um telão, de dentro do auditório do hospital. As “aulas” acontecem hoje e amanhã, e servirão para atualizar médicos e cirurgiões de instituições espalhadas por Curitiba e região.
Aos 21 anos, Fernanda já encarou uma mastectomia antes. A primeira operação, feita em agosto de 2017, retirou totalmente o seio direito da educadora. O procedimento foi necessário por conta do diagnóstico de câncer que aconteceu semanas antes, no mesmo mês. Por conta da reconstrução mamária, o resultado que poderia ser encarado com desânimo foi positivo. “Foi tudo muito bem feito com a colocação da prótese de silicone e ficou lindo. No fim, minha auto estima até melhorou”, revela.
Agora é a vez do seio esquerdo, que será retirado como prevenção. A chamada “cirurgia profilática” ficou conhecida depois que a atriz americana, Angelina Jolie, se submeteu ao procedimento em 2013. Assim como Angelina, Fernanda optou pelo procedimento depois de realizar o teste genético que apontou o grande risco que corria de desenvolver a doença de novo. “Minha mãe morreu de câncer de mama quando eu tinha apenas 1 ano de idade. Não quero correr esse risco”, afirma.
Pra facilitar
Além de caro (cerca de R$ 4 mil), o teste genético ainda é pouco procurado no Brasil, mesmo com cobertura obrigatória dos planos de saúde. Assim como Fernanda, os outros 14 pacientes que serão operados na maratona fizeram os exames por intermédio do departamento de Oncogenética do Hospital Erasto Gaertner e apresentaram mutações que aumentam o risco de desenvolver a doença. “O teste genético ainda não tem custo acessível a todos e conseguimos, com a pesquisa, facilitar esse processo”, destaca João Cláudio Casali da Rocha, coordenador da pesquisa de oncogenética do hospital.
Para o cirurgião oncológico e chefe do Serviço de Ginecologia e Mama da instituição, José Clemente Linhares, ações como essa representam uma via de mão dupla quando o assunto é contribuir para a sociedade geral. ”Se, por um lado, os pacientes recebem o melhor tratamento de forma gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) – por outro, os profissionais têm a chance de acompanhar, ao vivo, a realização dos procedimentos e aprender em primeira mão a aplicação de técnicas avançadas quando o assunto é cirurgia oncológica”, diz.
Além dos procedimentos médicos, intervenções estéticas também serão aplicadas em algumas pacientes. Tudo para devolver o aspecto original dos seios. Uma delas, a “micropigmentação”, redesenha as aréolas e mamilos, deixando as mamas mais parecidas com o que eram antes da cirurgia. Responsável pelo trabalho, a artista Valéria Yoshino já realizou mais de 50 procedimentos como esse ao longo da carreira e garante que a técnica devolve o sorriso a muitas mulheres vítimas do câncer de mama. “Meu trabalho é encarado como cereja do bolo, já que é a última etapa da reconstrução. As pacientes se sentem mulheres completas de novo ao olharem no espelho e reconhecer o corpo”, revela. Para participar, o profissional precisa fazer a inscrição previamente pelo site. As vagas são limitadas.
Serviço
2ª Maramama – Maratona Cirúrgica de Câncer de Mama do Hospital Erasto Gaertner.
Data: 8 e 9 de junho
Local: Auditório proncipal do Hospital Erasto Gaertner.
R. Dr. Ovande do Amaral, 201 – Jardim das Américas – Curitiba/PR
Informações: (41) 3361- 5247
Email:eventos@erastogaertner.com.br