Alerta Momo

Uma figura medonha, ativa nas redes sociais, tem apavorado muita gente ao ameaçar usuários de aplicativos de conversa, aleatoriamente, em uma nova espécie de “jogo” online cujo objetivo nada mais é que amedrontar e tirar o sono das vítimas. Pelo menos até agora. No Brasil, dezenas de “convocações” para o jogo, nos últimos meses, despertaram a atenção das autoridades e órgãos vinculados à segurança na internet já emitiram o alerta: a “brincadeira” é coisa séria e pode virar golpe.

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Conhecido como “Momo”, o perfil é de assustar. Com olhos esbugalhados e uma expressão monstruosa, a máscara emite mensagens simples para números escolhidos aleatoriamente. “Olá. Você foi escolhido para participar do meu desafio. Antes de qualquer coisa você está sendo monitorado. Sei quem você é e conheço todos os seus passos”, começa a mensagem que, lá pelas tantas, também diz “não sou mau, mas gostaria de brincar de jogos mortais com algumas pessoas”. No fim do texto, a “boneca” assina: “não comente com ninguém. Siga as regras. Entraremos em contato com você”. Depois disso, tudo pode acontecer. Desde chamadas de vídeo durante a madrugada até ameaças à família da vítima.

https://www.youtube.com/watch?v=8SOW741cJYQ&feature=youtu.be

Momo-3É o que aconteceu com o maranhense radicado em Curitiba, Thiago Silva, 21, que no dia 19 de julho – recebeu em seu Whatsapp um chamado para participar do “Momo”. “A mensagem chegou do nada. Era um número de fora do Brasil e o texto era longo, dizendo uma série de coisas ameaçadoras, mas não levei a sério”, conta. Depois de responder a mensagem, Thiago notou que o perfil interagia, respondendo de forma compatível ao que ele escrevia. “Não é um robô. Eu comecei a tirar sarro e a pessoa do outro lado me respondia na mesma medida, até que uma hora me mandou um print de uma foto minha com a mãe dizendo que sabia tudo sobre mim. Aí me preocupei”, revela.

Assustado, Thiago bloqueou o contato, porém, no dia seguinte, por volta das 23h30, recebeu uma chamada de vídeo de outro telefone na qual a boneca se mexia e apontava uma faca para a câmera sem dizer uma palavra. “Bloqueei de novo mas não passou nem 24h e outro número desconhecido me chamou no Whatsapp mandando áudios em uma língua estranha, que acredito ser japonês”, lembra. O tormento, que durou cerca de 5 dias, acabou espontaneamente depois que Thiago parou de responder às mensagens. “Foi assustador porque eles sabiam de onde eu era, sabiam que moro em Curitiba e me mandaram várias fotos da minha família”, diz.

Origem da máscara

Segundo o psicólogo Rodrigo Nejm, a pavorosa máscara utilizada para assustar os usuários do Whatsapp, na verdade, é uma obra de arte japonesa exposta em 2016 num evento de terror em Tóquio, voltado a figuras fantasmagóricas.

Divertido pra quem?

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

O jogo, que de divertido não tem nada, não faz vítimas somente no Brasil. Segundo a ONG Safernet, que tem sede em Salvador, na Bahia, “Momo” tem abordado usuários do Whatsapp de diversos países como Colômbia, México, Argentina, Alemanha e Estados Unidos. De provável origem japonesa, a corrente chegou ao Brasil há aproximadamente dois meses e, até agora, nenhum registro de extorsão de dinheiro ou ação criminosa foi registrada no território nacional. “Até agora é só pra assustar mesmo, mas, com a repercussão, muita gente mal intencionada pode começar a se aproveitar disso pra praticar crimes. Por isso é fundamental que a população esteja alerta e que pais e responsáveis tenham consciência e orientem seus filhos a não atender nem responder esse tipo de abordagem”, afirma o psicólogo e diretor de educação da ONG, Rodrigo Nejm que, por telefone, conversou com a reportagem da Tribuna e deu algumas orientações sobre como o público deve se comportar caso sejam desafiados pelo perfil.

“Em primeiro lugar, Momo não é um robô. São pessoas mal intencionadas e com muita habilidade com redes sociais, por isso, com uma simples troca de mensagens eles já conseguem acessar dados básicos de perfil pelo próprio Whatsapp e depois, com os mesmos dados, acessar o perfil da vítima em outras redes para conseguir mais informações e tornar tudo o mais legítimo o possível”, explica. Para evitar situações mais sérias, Nejm recomenda ao usuário que não interaja com o perfil. “Não responda e bloqueie imediatamente. Se adicionarem de outro telefone, faça novamente, e assim por diante mas, em hipótese alguma, troque mensagens com os criminosos”, alerta.

Proteção

Algumas medidas de segurança, segundo Nejm, também podem evitar o roubo de dados ou invasão de contas, sendo recomendadas caso o usuário seja abordado pelo perfil criminoso. “Para proteger a conta, o usuário pode ativar o sistema de ‘verificação em duas etapas’ do seu Whatsapp, por meio do menu do próprio aplicativo. Isso evita a clonagem da conta. Caso sofra alguma ameaça, basta ‘exportar a conversa’ ­ também por meio do menu ­ e encaminhar à polícia. Esse mecanismo permite que as autoridades rastreiem a origem do contato”, explica.

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Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Em todo o caso, o especialista recomenda: ainda é melhor prevenir, que remediar. “Basta ignorar as mensagens e alertar os amigos e a família (principalmente crianças, adolescentes e idosos) sobre esse novo tipo de golpe”, finaliza.

Tanto para vítimas quanto para quem busca mais informações de segurança, a ONG Safernet disponibiliza um canal gratuito de ajuda pelo site: canaldeajuda.org.br

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Em nota encaminhada à Tribuna, a Polícia Civil também se manifestou a respeito do jogo “Momo”, orientando a população a registrar Boletim de Ocorrência em casos de ameaça. Confira: “Com relação ao perfil online identificado como “Momo”, a Polícia Civil informa que registros de Boletim de Ocorrência (B.O) devem ser registrados caso haja algum crime ou dano efetivo (roubo de dados, ameaça, indução a alguma prática ilícita, etc) para a vítima. Em outros casos, como a tentativa de comunicação, sem que haja um crime de fato, podem ser notificadas através do e-mail (cibercrimes@pc.pr.gov.br) do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), sem a necessidade da formalização de um B.O. Vale ressaltar que até o momento não houve nenhum registro de B.O na unidade e nem a consumação de algum crime de fato”.

https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/curitiba/perdeu-playboy/

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