Curitiba

Ainda tá salgado!

Escrito por Ricardo Pereira

No último mês, a queda no preço de alguns poucos produtos alimentícios tem sido percebida pelos consumidores. A maior delas foi constatada no leite. O recuo foi de 7,89% e agradou a auxiliar de cozinha Gisele Coutinho. “Está mais barato, mesmo. Assim como ele, o feijão teve uma queda boa no valor”, explica.

Mãe de duas crianças, de 4 e 7 anos, diz esperar a redução em outros produtos, também. A percepção da Gisele tem fundamento, já que o feijão carioca caiu 4,42%. Junto com ele, os outros alimentos que ficaram mais em conta são as hortaliças (-4,42%); o alho (-7,45%) e a batata-inglesa (-19,24%). Em compensação, a carne, por exemplo, subiu 1,43%.

Giselle: Leite e feijão mais baratos. E para Rafael pesquisar é fundamental. Foto: Felipe Rosa.
Giselle: Leite e feijão mais baratos. Para Rafael pesquisar é fundamental. Foto: Felipe Rosa.

Todas essas mudanças se devem à inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Em setembro, ela fechou em 0,08%, uma retração na comparação com agosto (0,44%). A taxa é a menor dos últimos 18 anos para o mês. Em 1998, a variação constatada foi de -0,22%.

Mas não é todo mundo que se contenta com a queda apresentada. O publicitário Rafael Martins diz acreditar que, de modo geral, os produtos básicos do dia a dia só tendem a subir. “Desde alimentos até produtos de limpeza. Além de mim e da minha esposa, são três filhos em casa. A compra básica do mês, que há dois anos eu gastava, no máximo, R$ 290, sai por R$ 470 hoje em dia, sem nada supérfluo. Só o essencial”, lamenta.

Para ele, pesquisar valores é fundamental, no entanto o consumidor pode acabar induzido ao erro. “As estratégias de marketing dos mercados pegam a gente. Carne, leite e ovos são itens básicos da minha pesquisa, assim como na lista de muitos outros. As propagandas acabam botando um desses produtos a um preço reduzido, e aí o restante vem de carona”, afirma.

O pensamento é o mesmo da secretária Roseli Ferreira, que tem amargado aumentos seguidos. “Evito entrar no mercado. Quando preciso, levo só o necessário. A minha pesquisa é com marcas. Costumo ir ao mesmo estabelecimento, daí a variação de preço fica só na diferença de marcas mesmo”.

O taxista Alvadir Faria, que divide com a esposa a tarefa de fazer as compras mensais, também não acha que tenha havido alguma redução significativa nos produtos, mas se diz esperançoso com a economia. “Acho que para melhorar, mesmo, só no ano que vem”.

Como fica?

“É difícil precisar exatamente quando a população irá começar a se beneficiar desse processo que já se iniciou, mas deveremos ter um final de ano muito melhor que o ano passado – e início de contratações no ano que vem, com os orçamentos das empresas já fechados”, explica o planejador financeiro Luiz Augusto Pacheco.

Roseli só leva o necessário. Para Alvadir, melhora vem apenas no próximo ano.
Roseli só leva o necessário. Para Alvadir, melhora vem apenas no próximo ano. Foto: Felipe Rosa.

A inflação, para o economista, parece estar controlada, apesar de ainda alta. “Há a possibilidade de vermos o IPCA abaixo de 7% em 2016 e 5% em 2017 mesmo assim, acima da meta de 4,5%”, diz. O governo tem como objetivo manter a inflação em 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Em 2015, a inflação foi de 10,67%.

Os juros, que estão em 14,25% ao ano, também devem ser reduzidos. “Os juros devem começar um ciclo de baixa ainda este mês, com a perspectiva de chegarem a 11% no final de 2017 e 9% em 2018. Com a economia controlada e estável – a aprovação da PEC do teto de gastos do governo é fundamental para isso, empresários terão maior previsibilidade para os negócios e poderão investir mais, gerando empregos”, prevê Luiz.

Sobre o autor

Ricardo Pereira

(41) 9683-9504