“Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição”. A frase que compõe o “juramento do advogado”, proclamado pela maioria dos jovens doutores no momento da outorga do título, representa a principal diretriz do exercício profissional. Ou pelo menos deveria. Afinal, ao contratar um advogado, o que todo mundo espera é, no mínimo, compromisso com a honestidade, ainda que restrito aos autos do processo. Infelizmente, o que deveria ser regra, passou longe de um escritório de advocacia no centro de Curitiba, cujos responsáveis podem ter se apropriado de mais de R$ 300 mil de ações vencidas por seus clientes junto à justiça trabalhista.

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“Tive que procurar um advogado para processar meu próprio advogado”. Foi assim que Camila Souza Oliveto, 36, começou a contar sua longa história para a Tribuna. Num imbróglio que se prolonga há quase 5 anos, a representante comercial ainda não conseguiu o ressarcimento do dinheiro que tem a receber por conta de uma ação trabalhista movida por ela contra uma empresa em 2012. Ganha, a causa interpelada por intermédio do advogado Carlos Alberto de Oliveira Werneck – concedeu à curitibana o direito de receber R$ 7.500 mil, a título de danos morais e materiais. Agora, pergunte-lhe onde foi parar esse dinheiro. “Fui informada, no balcão do fórum, que meu advogado já teria retirado os valores da condenação faz tempo. Só descobri isso porque, por iniciativa própria, procurei o número do processo pela internet e fui sozinha até o fórum saber a quantas andava a ação”, relata.

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Segundo Camila, não foi por falta de interesse no processo que o suposto golpe aconteceu. “Desde a primeira audiência, na qual estive presente, fiz questão de acompanhar passo a passo da ação. Volta e meia eu telefonava perguntando sobre a decisão e ele só me enrolava. Ou dizia que estava em fase final ou que estava esperando a sentença. Cada hora era uma desculpa”, lembra. Depois de acessar os autos por conta própria e concluir, com ajuda dos atendentes da vara responsável pelo processo, que a causa já tinha sido ganha e o dinheiro retirado há tempos, a representante comercial buscou esclarecimentos junto ao advogado, mas adivinhe? Contatos indisponíveis, ligações na caixa postal e até mesmo ao escritório que fica perto da praça Zacarias Werneck deixou de comparecer.

Agora, com a ajuda de uma advogada, a curitibana tenta reaver o que é seu por direito. “É lamentável perceber os danos que a conduta desse homem trazem à toda a categoria. Muita gente já não confia em advogado e isso acaba maculando a imagem de todos”, afirma a advogada, Thayza Vargas, que agora interpela em favor de Camila. “O pior de tudo é que ele ainda está em exercício e pode estar aplicando novos golpes”, pondera.

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Várias vítimas

Procurado pela Tribuna, o Conselho de Ética da OAB/PR confirmou que existem em torno de 10 denúncias protocoladas recentemente contra Carlos Alberto de Oliveira Werneck. Somando todos os valores desviados pelo advogado até agora, o montante chegaria a R$ 300 mil que podem aumentar, já que o jurista continua ativo pelos fóruns afora.

Conselho de Ética da OAB/PR confirmou que existem em torno de 10 denúncias protocoladas recentemente contra Carlos Alberto de Oliveira Werneck. Foto: Antônio More/Arquivo/Tribuna do Paraná.

Para Elaine Cordeiro, 40, que também foi alvo do golpe, o que mais indigna é a aparente má fé do advogado diante da confiança dos clientes. A curitibana tinha a receber em torno de R$ 5 mil referentes a uma ação trabalhista movida por ela em 2014. Em novembro do ano passado, no entanto, ela descobriu que o dinheiro da causa ganha na justiça trabalhista tinha sido retirado por Werneck sem aviso. “Na mesma hora eu fui até o escritório dele perguntar o que estava acontecendo mas ele não estava. Aí comecei a telefonar e nada. Era tarde quando me dei conta que tinha caído num golpe”, lamenta.

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Segundo o advogado Luiz Alberto Pereira Paixão, que agora a defende, Elaine é apenas uma entre outros tantos lesados pelo profissional. “Chegou a nosso conhecimento o caso de um cobrador de ônibus que perdeu nada menos que R$ 37 mil a títulos de indenização. Quando soube que o dinheiro tinha sido desviado pelo próprio advogado esse homem entrou em depressão. É lamentável”, relatou. Para Paixão, a conduta não apenas fere a ética profissional como também pode vir a configurar o crime de apropriação indébita, caso fiquem comprovados os desvios. “Todo advogado assume um compromisso ético ao receber o título. O que esse profissional está fazendo é muito grave e deve ser observado com a máxima urgência pela OAB”, alerta.

A Tribuna confirmou que Carlos Alberto Werneck continua exercendo as atividades em seu escritório, localizado num edifício comercial na Praça Zacarias, no Centro. Por telefone, o advogado afirmou ter consciência das denúncias protocoladas no Conselho de Ética da OAB. Sobre os motivos que o levaram a retirar o dinheiro sem avisar os clientes, Werneck afirmou que alguns se recusaram a repassar os honorários devidos e que em todos os casos, comunicava os clientes a respeito dos andamentos processuais. O advogado enfatizou que está empenhando esforços para ressarcir os lesionados.

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