Há três meses, estragou o motor da Kombi onde mora o casal Dalila Schultz, 43 anos, e Israel Andreta, 42, e o veículo ficou estacionado na Rua Rolândia, Jardim Cruzeiro, em São José dos Pinhais. Os Caçadores de Notícias encontraram o casal na última terça-feira gelada, o dia mais frio do ano, com os termômetros marcando zero grau, em frente ao terreno do Aeroporto Afonso Pena, um local descampado e cheio de casas térreas ao redor.
Dalila conta que morava com o marido no Jardim Izaura, num casebre que construíram num terreno invadido. Mas o proprietário exigiu a reintegração e eles tiveram que sair, há oito meses. Desde então, o casal passou a viver na Kombi, onde desse para estacioná-la, até o dia que a pararam na Rua Rolândia e o motor não pegou mais.
Segundo Israel, o conserto foi orçado em R$ 1.300, dinheiro que ele não tem e, por isto, imagina que precisará ficar um bom tempo acampado até juntar a quantia. Há poucas semanas eles trouxeram uma Elba, também com motor estragado e que não sai mais do lugar.
O casal leva a vida no improviso. Não podem montar nenhum tipo de barraca, pois os funcionários que cuidam do terreno do aeroporto não deixam. Cozinham com um fogão improvisado, queimando galhos. “Dia que não tem vento ou chuva dá pra cozinhar aqui fora. Senão tem que fazer comida lá dentro”, revela Dalila, temendo um acidente.
“Bicos”
Israel faz bicos de mecânico e ambos fazem pequenos trabalhos para um mercado próximo que, como forma de pagamento, lhes fornece verduras e outros alimentos. Banho? Tomam num posto de gasolina e a água que bebem ou cozinham é dada pela vizinhança. Para “complementar” a renda, vendem objetos que encontram jogados em lixeiras ou são doados. No dia anterior à madrugada fria, Israel vendeu um ventilador de teto. Na “bancada” improvisada atrás da Kombi, ele tinha, na manhã da última terça, aquecedor elétrico, chuveiro, mangueira de jardim, entre vários outros objetos que garimpou. Israel e Dalila pedem ajuda, caso alguém queira consertar o motor da Kombi.