Há pouco mais de um ano, a Tribuna contou a história de Lucimara da Silva, 33. Na época ela vivia a expectativa de conseguir realizar um sonho que ficou ainda maior com a ajuda do Instituto Amiga dos Sonhos. A instituição tem o objetivo de fazer com que os desejos das mulheres se tornem realidade, e foi o que aconteceu com Lucimara.

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A servente, que está afastada do trabalho, procurou o instituto para pedir uma geladeira e um fogão para a casa onde morava com seus quatro filhos meninos (hoje com 15, 14, 12 e oito anos). As fadas, que são voluntárias da instituição e recebem este apelido carinhoso, atenderam ao pedido, mas descobriram que a situação precisava de ainda mais cuidados.

Lucimara tentava iniciar o tratamento contra um câncer de mama e a casa onde morava estava em condições precárias. Foi então que as fadas entraram em ação mais uma vez e agilizaram o início do tratamento, além de uma ampliação da casa da mãe de Lucimara, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, para onde a família se mudou.

Hoje, é com orgulho que ela apresenta seu quarto com um banheiro particular, chamado de “meu cantinho”. “É maravilhoso, meu refúgio. É onde fico quieta no meu canto”, diz. Além da reforma, ela ainda conseguiu com o instituto colchões, brinquedos, alimentos e até tratamento dentário para os filhos. Lucimara garante que as fadas também se tornaram suas amigas.

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Rede de solidariedade

Toda a ajuda que Lucimara recebeu deu ainda mais força para que ela enfrentasse o tratamento e para ajudar pessoas próximas que também passam por momentos difíceis. “Nunca pensei em desanimar, em desistir da vida. Sempre pensei em lutar, ser forte por causa dos meus filhos. E o psicológico também ajudou bastante”, conta ela, que usa sua experiência no combate à doença para confortar a sogra de sua irmã, que está passando pelo mesmo problema. “Temos que agradecer a cada dia”, diz ela, que não vê a hora de voltar a trabalhar.

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Além disso, o instituto também já recebeu doações de pessoas que souberam da experiência de Lucimara e estão dispostas a ajudar. Entre elas está uma enfermeira da Santa Casa, onde ela faz tratamento, que doou uma televisão.

Uma tevê para Eva

A televisão que foi doada pela enfermeira da Santa Casa já tem dona. O aparelho será entregue na próxima semana para Eva de Fátima dos Santos Batistoni, 57. A senhora mora com o marido em uma casa alugada no Novo Mundo, mas o salário do esposo como jardineiro não comporta todas as despesas do casal.

Além das dificuldades financeiras, Eva sofre com problemas de saúde, que lhe tiraram a visão e o movimento das pernas. A maior parte do tempo ela fica sozinha e seu sofrimento com a situação é visível. “Somos só nós dois. Eu trabalhava, caminhava, enxergava e agora não posso sair mais”, lamenta aos prantos. A filha do casal, que não mora com eles, também tem problemas de saúde, o que dificulta o auxílio.

Desde o começo do ano a situação foi amenizada com a ajuda das fadas, que, entre outras coisas, levam doações de alimentos. A televisão, que está prestes a chegar, foi considerada uma “bênção”. Ela será uma companhia e uma distração para a senhora, que diz precisar também de acompanhamento psicológico. Seu sofrimento se agravou há cinco meses quando ela perdeu o pai, que aos 104 anos dava atenção e a ajudava com as tarefas diárias. Ainda assim, Eva não perde a fé em sua recuperação. “Meu sonho é voltar a ser cuidadora de idosos”, conta.

Uma centena de fadas

O instituto, que completa três anos de atuação hoje, é formado por pessoas que acreditam no potencial da iniciativa. São cerca de 100 fadas cadastradas e inúmeras histórias de realização para contar. O banco de sonhos, para onde são enviados os pedidos, está cheio e o trabalho não para. Para realizar os sonhos, as fadas aceitam doações de roupas, alimentos e eletrônicos, que são vendidos em um bazar. Além disso, os pedidos são atendidos por meio de parcerias.

Liamara Ferraz, 37, faz parte da organização desde o início do projeto. Ela acompanhou histórias marcantes, como a da senhora de 65 anos que tinha o sonho de ir de avião até Foz do Iguaçu e se empolgou tanto com a experiência que não hesitou em fazer um passeio de Macuco Safari, um barco que chega muito próximo às Cataratas. “Vemos a humildade, o brilho nos olhos quando as mulheres falam nos seus sonhos. As pessoas sabem o que é sonhar e realizar faz a diferença. Não devem parar de sonhar”, diz Liamara que também ficou marcada com o grupo de idosos que encontraram o mar pela primeira vez. “As mulheres merecem. Elas são mais sofridas, se dedicam ao trabalho, à casa, aos filhos e ao marido. Elas podem e devem sonhar”.

http://www.youtube.com/watch?v=fYxN4CbSWBQ