*por Natalia Basso, especial para a Tribuna

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Empatia, resiliência, solidariedade e perseverança: essas são algumas das palavras que ganharam notoriedade durante a pandemia da Covid-19. No entanto, na vida do funcionário público da Prefeitura de Colombo Elizandro Freitas, a essência desses termos começou muito antes do surgimento do coronavírus. Desde o começo da vida, Elizandro convive com as dificuldades e desafios de quem sofre com problemas de mobilidade. Com uma irmã cadeirante por decorrência da poliomielite, e com o pai, já falecido, que precisou da cadeira de rodas após um derrame, o servidor aprendeu desde cedo a importância de compreender as dificuldades do outro e, principalmente, ajudar.

“Nós passamos por uma fase, lá atrás, em que minha irmã não tinha cadeira de rodas. Era difícil para se locomover, até mesmo dentro de casa. E não existia tanto essa questão de acessibilidade nas cidades, no transporte público. Nós passamos por vários constrangimentos, era bem complicado. Então, desde cedo, eu vi a falta que um equipamento ortopédico faz. Eu cheguei a ver minha irmã usando um pedaço de tapete para se locomover”, revela Elizandro.

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Vontade de fazer a diferença

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Há três anos, motivado por tudo que viveu e aprendeu com o pai e com a irmã, Elizandro decidiu iniciar um projeto que arrecada, conserta, faz manutenção e fornece equipamentos ortopédicos como camas hospitalares, muletas, cadeiras de banho, andadores e, principalmente, as cadeiras de rodas. “Tudo começou quando uma pessoa pediu uma cadeira emprestada da minha irmã, eu arrumei, emprestamos, deu certo e assim eu vi que podia começar a ajudar mais”, conta.

Atualmente, Elizandro estima que tenha cerca de 200 a 250 equipamentos. “No começo eu não tinha controle, por isso, não sei ao certo. Antes eu fazia doações sem fazer uma triagem, entender a necessidade da pessoa. Hoje eu tenho um sistema de empréstimo e, para quem precisa de uso contínuo, a doação”, esclarece o servidor.

Foto: arquivo pessoal.

Como ajudar?

Segundo Freitas, toda ajuda é bem-vinda, já que todo o projeto é bancado com sua renda pessoal. “Eu só não consigo ajudar mais gente por falta de ajuda. Como todo brasileiro, eu tenho minhas contas, meus gastos com a família, filhos, alimentação, gastos rotineiros, então não consigo destinar muito recurso do meu bolso para custear esses consertos. E está tudo muito caro”, desabafa. Por isso, todas as formas de auxílio são válidas. “Todo equipamento passa por manutenção, seja ela pequena ou quase uma reforma. Então, eu preciso de mão-de-obra, como pessoas que façam soldas em aço e alumínio ou costuras em nylon, preciso de mais equipamentos, sejam novos, usados ou estragados, doação de matéria-prima. Eu preciso de doação”, salienta.

Elizandro reforça: “se você tem um equipamento na sua casa, empresa, vizinhança, que está sem uso, o que para alguns é lixo, para nós é ouro. Nós podemos reaproveitar peças ou até mesmo fazer desse item a diferença na vida de alguém que está se arrastando sem um equipamento”.

Quem puder ajudar de alguma forma ou que queira saber mais sobre o projeto pode entrar em contato por meio do telefone (41) 9 9843-2310 ou pelo perfil pessoal do Elizandro no Facebook (Elizandro Freitas).

A mensagem que Elizandro deixa é de que “devemos agradecer mais pela nossa vida, dar mais valor. Eu vejo que somos tão felizes e reclamamos. Algumas pessoas têm tão pouco, elas dariam tudo por um equipamento usado somente para ter a possibilidade de se locomover. Não podemos fechar os olhos para o problema do próximo, achar que é o destino ou ‘a cruz que ele carrega’. Antes de qualquer coisa, somos seres humanos, devemos nos ajudar. A maior lição que tiro disso tudo é a solidariedade”.