A céu aberto

Foto: Gerson Klaina.

A trágica história da morte do jovem Carlos Ramon Dias mostra as dificuldades que ‘o acaso‘ pode causar quando um serviço público não está bem preparado e equipado para cumprir com suas obrigações. Uma sucessão de problemas, acidentes e situações inesperadas fez com que a família de Carlos esperasse 13 horas para ver seu corpo removido do asfalto da rua Pedro Manika, no bairro Roça Grande, em Colombo, até uma das gavetas do ‘Rabecão‘ do IML.

O problema, no entanto, poderá ser resolvido em breve, conforme garantiu a diretoria da Polícia Científica do Paraná. Responsável pela manutenção da estrutura do Instituto Médico Legal, a divisão da Secretaria da Segurança Pública garantiu em resposta aos questionamentos enviados pela reportagem de que novas viaturas serão compradas para reforçar a frota que presta atendimento à remoção de corpos em todo o Paraná.

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Um dos cinco carros prometidos já para fevereiro deste ano deve-se somar aos quatro já disponíveis, segundo o IML, para atender a Grande Curitiba. Entre a noite de segunda e a manhã, no entanto, só uma equipe estava à disposição para atendimento em toda a região. Três viaturas estavam estragadas, em manutenção, e acabaram por sobrecarregar de serviço a única que estava disponível.

Foto: Gerson Klaina.
Foto: Gerson Klaina.

Uma mesma equipe teve que atender outras quatro situações de morte na região (inclusive em Adrianópolis, distante 160 kms de capital) e não deu conta de realizar todos os serviços. Diante da repercussão do velório improvisado pela família em plena rua, o IML solicitou uma viatura extra à empresa que faz a locação dos veículos, mas não foi atendida.

Um carro que atende habitualmente em Paranaguá foi solicitado, mas um crime acontecido na cidade litorânea durante a manhã atrasou ainda mais o deslocamento. Quando a viatura de Curitiba se liberou dos outros atendimentos e se dirigia para Colombo acabou se envolvendo em um acidente de trânsito no bairro Santa Cândida, na metade do caminho. Após uma manobra arriscada, causada pela pressa da motorista em chegar ao local, a viatura bateu numa motocicleta e por pouco não gerou outra vítima.

Finalmente às 11h o corpo de Carlos Ramon Dias foi resgatado pela viatura que veio do litoral, não sem antes causar comoção em toda a cidade. ‘Nós não sabemos que horas ao certo vamos conseguir velar nosso filho. Mas pelo menos nossa humilhação na rua acabou‘, desabafou o pai de Carlos, Edicarlos Del Antônio.

Os funcionários do IML se viram perdidos durante todo o desenrolar da história. Pela manhã uma nota oficial disse que o serviço tinha sido normalizado antes mesmo do recolhimento do corpo do jovem em Colombo. Em seguida, a retratação pelo erro, também enviada para a imprensa via email, aconteceu novamente antes do resgate ser concluído.

O IML se pronunciou novamente no final da tarde. Voltou a lamentar todos os fatos, confusões e acidentes envolvidos neste caso, manifestou ‘total respeito e solidariedade aos familiares da vítima‘ e prometeu medidas para resolver futuros problemas.

Ainda segundo o instituto a frota será aumentada em cinco carros e também serão contratados novos profissionais via concurso público (54 vagas iniciais, para as funções de médico-legista, odontologista, químico-legal, toxicologista, perito criminal, auxiliar de perícia e auxiliar de necropsia). Além disso, reafirmou que um novo prédio para o instituto será entregue ainda este ano.

Foto: Gerson Klaina.
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