No meio do caminho tem uma baldeação. Moradores de bairros de Colombo perderam seus ônibus diretos para o Centro de Curitiba, e desde 4 de junho têm de descer no terminal Roça Grande e trocar de veículo para ir à capital. As linhas Ana Rosa e Santa Tereza, cujos itinerários acabavam no terminal Guadalupe, no Centro da capital, foram encurtadas e viraram alimentadoras. Além disso, as linhas Arapongas e César Augusto foram extintas. A população reclama dos ônibus lotados e do tempo perdido nas baldeações. Na madrugada de ontem, passageiros fizeram uma manifestação e atrasaram a saída dos veículos.
A Tribuna esteve no terminal Roça Grande e ouviu dos usuários muita insatisfação. “Pra quem pega o Roça Grande/Guadalupe às sete da manhã, é um formigueiro. E os horários das linhas que vêm dos bairros parece que diminuíram. Como eles não vão mais até o Centro [de Curitiba], todo mundo achou que ia ter mais ônibus, que ia ser de 15 em 15 minutos. Mas tem vez que espero meia hora”, se queixa o farmacêutico José Florentino da Silva Júnior, passageiro da linha Ana Rosa.
Desde a mudança, ele tem de sair trinta minutos mais cedo de casa para fazer a baldeação. Fora do horário de pico, o Ana Rosa tem saídas de 40 em 40 minutos. Júnior diz ainda que aos domingos havia uma linha para cada bairro Ana Rosa e Santa Tereza com destino a Curitiba. Agora, há apenas um ônibus, o circular Ana Rosa-Santa Tereza, para atender os dois bairros.
Tempo perdido
Na semana passada, o confeiteiro Daniel Leite, 56 anos, fez questão de marcar o tempo do trajeto entre o terminal Guadalupe e o bairro Ana Rosa, com a troca de ônibus no terminal Roça Grande: uma hora e 25 minutos. Quando havia a linha direta, ele gastava 45 minutos, quase metade. “Antes, tinha quatro ônibus que saíam do Guadalupe e vinham pra Colombo. Agora só tem dois. E o Colombo/Rodovia da Uva é demorado e vem sempre cheio”, aponta.
Piorou o que já era ruim!
A superlotação é um incômodo principalmente para os usuários idosos. “Está lotado praticamente em todo horário, não só no pico. Até o articulado que vai pra Curitiba é sempre cheio. Antes tinha mais conforto”, observa o aposentado Waldemar Mueller, 78, que frequentemente tem seus direitos desrespeitados. “O pessoal não levanta pra ceder o assento preferencial. Essa cambada de estudante é de amargar. Só os criados no regime mais antigo cedem o lugar.”
A leitora Elizandra Oliveira, em mensagem postada no Facebook da Tribuna, também protestou contra a redução de itinerários. “O bairro César Augusto, por exemplo, tinha três linhas: Arapongas, César Augusto e Terminal Cachoeira/Terminal Maracanã. Agora só tem uma linha que vem do bairro Embu, os horários são horríveis e somente vai até o terminal do Roça Grande. Achei um descaso total com a população, não há respeito algum aos usuários do transporte, foi colocado como melhorias pela Comec mas provavelmente quem fez esse projeto não utiliza os ônibus de Colombo, o que já era ruim conseguiu piorar, e a passagem continua o mesmo valor.”
E aí, Comec?
Questionada sobre as reclamações, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) – gestora do transporte coletivo metropolitano – esclareceu que não há outras mudanças previstas. O órgão afirma que “o redimensionamento do transporte coletivo visa ampliar o atendimento e melhorar o aproveitamento do sistema”.
Desde 4 de junho, o terminal Roça Grande passou a operar com nove linhas metropolitanas. Para se deslocar até Curitiba (Terminal Guadalupe) foi criada a linha Roça Grande/Guadalupe, operada com ônibus articulado (capacidade para até 139 passageiros) e com intervalos de 13 minutos nos horários de pico.
Segundo o órgão, as linhas Ctba/Ana Rosa e Ctba/Sta Tereza, que iam direto para o Guadalupe, tinham problemas de cumprimento da tabela de horários em função do engarrafamento no trânsito. Foram transformadas nas alimentadoras Ana Rosa e Santa Tereza, com ponto final no terminal Roça Grande. “Neste local, os usuários podem se deslocar até Curitiba nas linhas Roça Grande/Guadalupe ou Ctba/Colombo (Rodovia da Uva), sem pagar uma nova passagem”, aponta.
A linha Ctba/Ana Rosa tinha 31 partidas diárias e a Ana Rosa tem 39, com intervalos de 15 minutos no pico da manhã e 20 no da tarde. Já a Ctba/Sta Tereza tinha 40 saídas e a Santa Tereza 45, com atendimento a cada 15 minutos no período matutino e a cada 18 no vespertino. A Roça Grande/Guadalupe tem 53 horários diários (ônibus a cada 13 minutos nos horários de maior movimento) e a Ctba/Colombo (Rod.da Uva), 68 (com carros a cada 14 minutos no pico). Enquanto aos domingos, a linha Circular Ana Rosa-Santa Tereza parte a cada meia hora do terminal Roça Grande e atende os dois bairros.