Ilhados na própria casa. É praticamente essa a maneira de sobreviver encontrada pela família da secretária Sirlene Andrade, que vive há 20 anos em uma residência na Rua Pedro Nodari, no bairro Campo Pequeno, em Colombo. Todo o esforço dela e dos seus familiares em manter a casa e o quintal limpos parece em vão, já que os ratos que se proliferam no terreno ao lado invadem a todo o instante as residências ao redor.
O problema se arrasta há anos e, no final de 2013, contou com a participação da própria prefeitura de Colombo que, segundo a vizinhança, depositou no endereço, entulhos de obras e o material retirado para a abertura de valetas das ruas Camargo e Inácio Scrok.
Para evitar doenças, o jeito foi se conformar em deixar o quintal para os roedores e outros bichos sazonais. “No verão, o muro que separa a nossa casa mudou de cor, já que as baratas tomaram conta de todo o espaço, deixando tudo preto”, descreve Sirlene. Ela diz que não se sente segura em deixar o filho de três anos de idade e a sobrinha de dois anos brincando na grama da frente. “Morro de medo que eles tenham contato com a urina de rato. Por isso eles só vão para o quintal quando alguém pode supervisionar e ficar avisando o tempo todo para não colocarem a mão na boca”, descreve. “Fiz uma pequena horta, queria que meu filho pudesse pegar morangos direto do pé, mas acabei desistindo por conta dos ratos”.
Ela, os irmãos e os pais já perderam as contas de quantas vezes já procuraram a subprefeitura do Alto Maracanã para protocolar o pedido de limpeza do terreno. O último procedimento foi iniciado em janeiro, quando a prefeitura depositou os entulhos e não retirou mais, apenas compactou. “O terreno era do nível do meu, mas foi tanta lama de esgoto jogada aqui que ficou alto e cresceu o mato por cima. Na chuva, esses entulhos descem para toda a rua”.
Sirlene diz que o descaso, com a falta de resposta e de ações efetivas, é constante. “Lembro que estava grávida de oito meses do meu filho, hoje com três anos, quando tentei dia após dia fazer com que esse terreno fosse limpo e mantido, mas nada de efetivo foi feito. Nunca acham o dono do terreno”, constata.
A vizinhança também confirma que as tentativas são em vão. Na Rua Camargo, Rosangela Dias, moradora da casa cujo os fundos ficam para o terreno baldio, comenta que já fez inúmeros pedidos para limpeza do terreno junto a subprefeitura do Alto Maracanã. “Tem uma hora que cansa pedir, embora o mau cheiro e os bichos incomodem bastante, assim como as infiltrações por conta da umidade. O muro que faz divisa com o terreno rachou por conta disso”, conta Rosângela.
Segundo a prefeitura de Colombo, o terreno em questão foi utilizado para o depósito de entulhos pela empreiteira que realizou obras relacionadas ao PAC da Copa. Entretanto, a secretaria de Obras e Viação alega que tais entulhos foram recolhidos e o lixo atual é resultado do depósito irregular. A prefeitura garantiu que na próxima semana uma equipe será enviada ao local para realizar a limpeza e que dará sequência ao procedimento de autuação do proprietário do terreno.
A prefeitura orienta que denúncias sobre o depósito de lixo irregular em terrenos podem ser feitas pelo telefone (41) 3656-4849. Quanto ao abandono de terrenos, a população de Colombo deve procurar a secretaria de Obras e Viação no telefone (41) 3663-2244.
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