Moradores e trabalhadores da Rua Davi Xavier da Silva, no CIC, ganharam nova paisagem há poucos dias, com a pintura dos muros da Escola Municipal Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Lá, os rabiscos e a pichação deram lugar ao trabalho do artista carioca Renato Faccini, que coloriu aquele trecho do bairro numa ação do projeto Mucha Tinta na Cidade. Quem vê a obra de arte todos os dias comemora a novidade, mas ainda tem dúvidas se a pintura irá resistir por muito tempo à ação dos pichadores, que não dão trégua na região.
Do outro lado da rua, o casal de comerciantes Nerci Aparecida Penteado de Araújo e Luiz Mário de Souza Rosa está entre os que mais gostaram da mudança. “A paisagem está linda, ficou fantástica, é outro visual. É muito bom dar de cara com esta paisagem bonita e alegre”, afirma Nerci. O marido, porém, lembra que a região sofre constantemente com as pichações. “Mal a pessoa pinta e já picham. Tomara que não estraguem”, enfatiza. Mas, mesmo assim, acredita que a nova pintura traz benefícios para o bairro e até para seu comércio.
Para a balconista Maria Rosa Carneiro, que mora e trabalha no bairro, será preciso tempo para saber se o espaço será respeitado. “Até agora está bonito, mas quero ver daqui uns dias. Espero que aguente um mês”, afirma ela, que acompanhou de perto toda a produção. O morador Adelino Pereira de Morais também viu a transformação da sujeira, como descreveu a pichação, para a “maravilha na vila”. “Agora está bem cuidado, nota 10. Chama mais atenção e é até mais higiênico”, define.
Obras de arte a céu aberto
Além da Escola Municipal Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, outros três locais do CIC estão se tornando obras de arte a céu aberto para descentralizar a cultura e trazê-la aos bairros. Com isso, a produtora cultural e idealizadora do Mucha Tinta na Cidade, Giusy De Luca, se inspirou em iniciativas internacionais de fazer com que a comunidade não precise ir até os museus para apreciar a arte nos locais mais inesperados. O projeto deve se estender ainda mais pela cidade, com a participação de artistas nacionais e também de outros países.
O CIC foi escolhido por ser o maior e mais populoso bairro da cidade e apresentar características bem diferentes. “A proposta é migrar a arte do Centro para o CIC”, afirma. Giusy ainda conta que o impacto foi imediato, com a população se aproximando dos artistas e dando ideias. “É a valorização do contexto urbano. O muro branco é um muro calado, mas a pintura estimula as pessoas. Cada um pode tirar uma história daquele muro, a interpretação é livre”, observa.