Paciência, pacientes!

José cansou das promessas. Foto: Felipe Rosa
José cansou das promessas. Foto: Felipe Rosa

“São só promessas, estamos cansados. A situação da saúde está péssima, estamos abandonados aqui”, desabafa o aposentado José Marcondes da Silva, 72 anos, morador da Vila Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba, que clama pela reabertura da Unidade de Ponto Atendimento (UPA) 24 horas da CIC, fechada para reforma desde o dia 10 de novembro do ano passado.

Segundo ele, que sofre com problemas cardíacos e tem um filho doente em casa, a UPA localizada na Rua Senador Accioly Filho faz muita falta para quem vive no bairro. “Prometeram abrir a UPA em fevereiro ou março (de 2017) e até agora nada. Antes a gente era atendido aqui, mas depois que fechou, temos que ir até o Fazendinha ou Pinheirinho e lá tem muita gente, demora demais. Toda a população das Vilas Barigui I e II está abandonada e o prefeito não faz nada por nós”, diz.

Amélia levava o neto desde pequeno na UPA. Foto: Felipe Rosa
Amélia levava o neto desde pequeno na UPA e não vê a hora da reinauguração. Foto: Felipe Rosa

Antiga usuária da UPA CIC, seja para buscar atendimento para si ou para o neto Marco Antônio, 8, a encarregada de sessão Amélia Bubniak, 61, também aguarda o retorno das atividades da unidade, agora no novo prédio, que apesar de remodelado, segue de portas trancadas. “Essa UPA faz uma falta enorme, qualquer emergência que a gente tinha era aqui que buscávamos socorro. Eles deram um prazo para reabrir, mas continua fechado. Ouvi dizer que talvez nem abra mais”, comenta.

Segundo ela, “antes era bom, o atendimento tinha algumas complicações como em toda UPA, mas essa era a emergência que a gente tinha”. O neto dela nasceu com problema no coração e desde pequeno era atendido no local. “Todos os dias quando passo em frente à UPA olho para ver se tem alguma novidade, na esperança da inauguração”, fala.

Prefeitura promete reabrir a UPA CIC até o fim do ano. Foto: Felipe Rosa
Prefeitura promete reabrir a UPA CIC até o fim do ano. Foto: Felipe Rosa

No prejuízo

Tereza investiu na reforma do comércio, mas o movimento despencou. Foto: Felipe Rosa
Tereza investiu na reforma do comércio, mas o movimento despencou. Foto: Felipe Rosa

Além dos transtornos causados a quem busca atendimento médico de urgência e emergência na região da CIC, o fechamento da UPA ainda afeta a economia do bairro. Uma das prejudicadas é a comerciante Tereza Prado, 50, que aproveitou o fechamento da unidade de saúde para também iniciar uma reforma em sua lanchonete. Mas agora, com somente suas obras prontas, ela viu o movimento cair radicalmente.

“Eles fecharam em novembro e eu aproveitei e fechei junto. Pensei: eles já voltam e a gente também. Mas reabri há duas semanas, achando que a UPA também estaria funcionando e isso não aconteceu. Sem as pessoas que vinham buscar atendimento, meu movimento caiu 90%”, conta Tereza, que agora enfrenta dificuldades para quitar as dívidas assumidas durante a reforma de seu comércio. “Investi, preciso pagar a reforma e o dinheiro não está entrando. Está bastante difícil”, diz.

Manutenção da UPA custa R$ 2 milhões mensais. Foto: Felipe Rosa
Manutenção da UPA custa R$ 2 milhões mensais. Foto: Felipe Rosa

Ainda em 2017!

A previsão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é que a UPA CIC seja reaberta até o fim do ano. O prazo inicial para entregar a reforma era março. Em fevereiro, o prefeito Rafael Greca (PMN) vistoriou as obras, que estão na fase final. Na ocasião, a prefeitura confirmou que esta será uma das maiores unidades de saúde de Curitiba, com 1.814 metros quadrados, oito consultórios e 18 leitos de internamento para adultos e crianças, proporcionando uma média de 400 atendimentos diários.

Estão sendo investidos cerca de R$ 300 mil, incluindo a completa revisão elétrica e hidráulica, pintura geral interna e externa, revisão da cobertura, substituição de esquadrias de alumínio, troca do piso, instalação de cerâmica, recuperação dos portões e grades, aberturas de vão em portas para garantir acessibilidade, adequação de pontos de água e esgoto e instalação de barras para acessibilidades.

Orçamento não previa equipamentos nem pessoal para a UPA CIC. Foto: Felipe Rosa
Orçamento não previa equipamentos nem pessoal para a UPA CIC. Foto: Felipe Rosa

Alto custo

De acordo com a SMS, do rombo de R$ 1,2 bilhão encontrado nos cofres municipais, a saúde é uma das áreas mais atingidas, com déficit superior a R$ 200 milhões. A pasta alega que não havia previsão orçamentária para equipamentos e equipes para reabertura da UPA CIC.

“Recentemente, esta gestão conseguiu equacionar os recursos para equipamentos e RH para abrir a UPA Tatuquara, também na região sul. A SMS está em busca de uma equação que viabilize equipar e contratar pessoal para a UPA CIC”, informa, em nota. Segundo a secretaria, o custeio de uma UPA custa mensalmente cerca de R$ 2 millhões.

Situações de saúde não consideradas urgentes são encaminhadas para o posto de saúde em que o usuário é cadastrado. Já os atendimentos de urgência e emergência são direcionados às UPAs. As mais próximas da região são: Tatuquara, Fazendinha, Campo Comprido e Pinheirinho.

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