Obra pra ontem!

O Contorno Sul, rodovia que corta uma das regiões mais populosas de Curitiba, será revitalizado e reformado, para alívio de trabalhadores e moradores da Cidade Industrial (CIC), além dos 55 mil usuários que passam diariamente pelo trecho. Em entrevista aos Caçadores de Notícias, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) confirmou que o projeto de restauração está pronto.

A via é uma das recordistas de acidentes. Segundo dados do próprio órgão, nos últimos cinco anos ocorreram no local cerca de 1.500 colisões, que deixaram 600 feridos e 108 pessoas mortas. “É um segmento que mistura tráfego urbano e pesado e justamente por isso se tornou muito perigoso para motoristas e pedestres”, afirma José da Silva Tiago, superintendente regional do DNIT no Paraná.

Porém, as obras de revitalização e restauração dos 14,6 quilômetros do Contorno Sul, anunciadas em maio pela presidente Dilma Rousseff, só devem sair do papel no ano que vem. “O projeto está pronto e passa por trâmites em Brasília. Como foi incluído no PAC 2, o projeto não entrou no orçamento geral da União deste ano. Por isso vamos fazer por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC). Com esses trâmites legais, a obra só deve ter início em 2015”, explica Tiago.

A intervenção no Contorno Sul englobará o trecho que começa na BR-227, na altura do bairro Orleans, e estende-se em direção ao sul, até a BR-116, na altura do trevo da Ceasa, e tem um custo estimado de R$ 400 milhões. O projeto todo foi elaborado pelo DNIT em parceria com o Ippuc. “Como essa rodovia corta umas das regiões mais populosas de Curitiba, tivemos o cuidado de tratar todos os detalhes com os órgãos responsáveis da cidade”, diz.

Mudanças

O superintendente revelou com exclusividade à Tribuna todos os detalhes do que será o novo Contorno Sul. A principal mudança na rodovia será em relação ao número de pistas. Nas vias principais, localizadas no centro da estrada, o projeto prevê três pistas em cada sentido, mais o acostamento e uma área de segurança, com 1,20 metro. Nas artérias marginais também serão construídas três faixas de cada lado – uma delas será destinada às vagas de estacionamento. “Ainda nas marginais teremos uma pista com cinco metros de largura exclusiva para o trânsito de pedestres e ciclistas. O sentido duplo nas marginais também vai acabar. As artérias terão sentido único, seguindo o fluxo da pista principal”, complementa Tiago.

Além do aumento do número de pistas, o projeto de revitalização também inclui a construção de três trincheiras (ruas Benedito Carollo, Alvarez de Azevedo e João Bettega), dois viadutos (Rua Theodoro Locker e BR-476) e uma nova ponte sobre o Rio Barigui. Além disso, serão construídas duas passagens inferiores na região do entroncamento com a BR-476.

Visando a locomoção dos pedestres na região, cinco passarelas estão previstas no projeto. Elas serão levantadas na altura das ruas do Semeador, Cidades dos Campos Novos, Cornélio Procópio, Paul Garfunkel e no trecho em frente às empresas CNH e Bosch. Essas estruturas se juntarão à passarela já existente, localizada em frente à indústria de alimentos Kraft. “O objetivo é que a obra seja entregue em dois anos e meio”, conclui Tiago.

População clama por passarelas

Moradores e trabalhadores que transitam diariamente pelos 14,6 quilômetros do Contorno Sul contaram aos Caçadores de Notícias que mal sabiam do projeto de revitalização da rodovia. No entanto, ao tomarem conhecimento pela reportagem, não titubearam em afirmar que esperam a construção de passarelas ao longo da via.

“É o que mais falta pra população que vive perto do Contorno. Só existe uma e quase todo mundo é obrigado a se arriscar atravessando uma rodovia onde os carros andam rápidos demais. Tem que ter mais passarelas. Aí vai ficar bom para os moradores, pros trabalhadores das empresas e pros motoristas”, afirma Ederaldo Azevedo, que trabalha vendendo frutas às margens da rodovia.

O frentista José Carlos Weiand trabalha na região há cerca de um ano. Ele conta que a falta de passarela oferece perigo a motoristas e pedestres. “Todo dia vejo gente se arriscando ao fazer a travessia do Contorno Sul. Principalmente nos horários de pico. Se tem uma coisa que tem que ser feita aqui, é passarela”, opina.

Polícia pede planejamento

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) vê com bons olhos o projeto de revitalização dos 14,6 quilômetros do Contorno Sul. No entanto, a corporação alerta para que outros trechos de rodovia que cortam a capital sejam revitalizadas. “Será muito positiva essa melhora nas condições. É um trecho crítico de rodovia, que corta uma área urbana muito populosa da nossa capital. Ocorrem muitos acidentes e muitas vidas já foram perdidas. No entanto, é preciso rever outros trechos de estradas urbanas para que elas não se tornem problemas futuros”, afirma o inspetor Wilson Martines, porta-voz da PRF do Paraná.

 

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