Após um ano e 11 meses de espera, o primeiro passo para a reintegração do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana foi dado ontem. O projeto foi inaugurado com a retomada da linha Colombo-CIC, para atender cerca de 30 mil passageiros, e deve reabrir novas rotas, como a Araucária-CIC, já nas próximas semanas.
Para a estagiária de designer gráfico Yane Fátima de Oliveira, 19 anos, a mudança foi um alívio porque, desde o rompimento da integração em fevereiro de 2015, ela precisava parar no terminal Cabral para continuar seu trajeto. “Eu estava pegando três ônibus para vir de Colombo a Curitiba e, apesar de descer mais perto do meu trabalho, demorava muito para chegar. Agora, com a volta da integração ficou melhor. Estou gastando a mesma coisa, mas é muito mais rápido”.
A vendedora ambulante Ângela Maria Gomes, 58, também está animada. “Graças a Deus a integração voltou. Muita gente mora longe e depende desta linha para não ter que pegar tantos ônibus. Hoje peguei o Colombo-CIC no terminal do Cabral e sei que essa volta vai ser uma maravilha para nós”.
“Fiquei muito feliz por saber que poderei dormir um pouco mais”, contou Maiara Silva Machado, 20. Funcionária de uma padaria em Curitiba, ela estava acostumada a acordar por volta das 4h para chegar pontual no trabalho. “Agora, todos que precisam realizar o trajeto completo podem acordar mais tarde. Isso é ótimo!”, avaliou a jovem, enquanto voltava para Colombo com os amigos Marcelo, Vanessa e Maiara.
Longa viagem
A novidade foi anunciada no dia 16 de janeiro, quando o prefeito Rafael Greca e o governador do Paraná, Beto Richa, assinaram um termo de compromisso firmando a parceria, assim como um protocolo de intenções para estudos técnicos de implantação do Novo Sistema Metropolitano Integrado de Passageiros.
Agora é possível embarcar no terminal Maracanã, em Colombo, cruzar o Centro de Curitiba e ainda descer no terminal CIC sem trocar de ônibus. São 26 quilômetros de linha direta que passarão pelos terminais Cabral, Capão Raso e CIC, e pelas estações-tubo Comendador Fontana, Nestor de Castro, Tiradentes, Rui Barbosa, Sete de Setembro, Kennedy e Guaíra. O Ligeirinho funcionará nos dias úteis e aos sábados.
Movimento intenso
Com a novidade, o movimento na linha foi intenso durante todo o dia e até o prefeito Rafael Greca fez um passeio de coletivo para conversar com passageiros entre o terminal do Cabral e a estação Prefeitura, na Avenida Cândido de Abreu. “É um momento histórico. A volta da linha Colombo-CIC é a primeira da prometida reintegração”, declarou.
Além dele, muitos usuários também decidiram dar adeus às antigas conexões e apostaram no trajeto direto, lotando os coletivos. “Muita gente usou a linha e várias pessoas agradeceram pela mudança”, comentou o motorista César Lima de Almeida.
Outro motorista que preferiu não se identificar afirmou que o movimento foi maior que o habitual e até gerou estresse. “Cedinho estava bem cheio, e no Terminal do Maracanã houve um princípio de confusão com o pessoal reclamando da demora dos ônibus, que chegou a 20 minutos entre um e outro”, pontuou.
Segundo o gestor da Área e Operação do Transporte Coletivo da Urbs, Luiz Filla, situações como essa podem acontecer nos primeiros dez dias de mudança porque a linha passa por um processo de análise nesse período. “Nós precisamos perceber quantas pessoas estão migrando para o novo trajeto para, então, ajustar a quantidade de ônibus de acordo com a demanda de passageiros e reforçar a oferta nos horários em que for necessário. Atualmente, temos 28 ônibus em operação”, explicou.
Várias tarifas?
Outra situação que não alegrou os usuários foi a diferença no valor da tarifa, já que, para sair de Colombo eles pagam R$ 3,80 enquanto, para voltar, o valor é R$ 3,70. “É o mesmo ônibus e o mesmo serviço. Por que o valor das passagens não é igual também?”, desabafou o usuário Charles Saint Georges Oliveira, 49. “Eu espero que baixe o valor de uma vez porque R$ 0,10 em cada passagem fazem muita diferença no orçamento do trabalhador comum”, completou a auxiliar de serviços gerais Daiane de França Lopes, 21.
De acordo com Luiz Filla, essa situação é mais complicada do que parece e foi necessário formar um conselho com técnicos da Urbs, da Comec e diversas secretarias da Prefeitura de Curitiba para discutir a questão. “A reintegração tarifária precisa desse estudo para que seja mantido o equilíbrio financeiro”, pontuou. “Vamos trabalhar para que o cartão seja único e a tarifa seja justa, social e integrada”, destacou Greca.
Novas linhas integradas
Segundo o gestor da Urbs, o mesmo grupo está analisando quais serão as próximas linhas inauguradas na reintegração e tem até o mês de julho para definir todas elas. “Lembrando que as linhas voltarão a funcionar à medida que as decisões forem tomadas. Então, os usuários não precisarão esperar seis meses para isso”.
Entre as promessas, está a Araucária-CIC. “Atualmente os araucarienses que querem ir para o CIC precisam ir até o Capão Raso e voltar para o CIC. Como a linha Araucária passa ao lado do terminal e as estações-tubo dela permanecem lá, esse caso está entre as prioridades”, afirmou Filla.
Além desse pedido, ele adianta que também está em análise a solicitação dos estudantes da PUCPR, que pedem uma única estação para as linhas Ligeirinho-Aeroporto, PUC-Rodoferroviária e Ligeirinho-Fazenda Rio Grande. “É um anseio dos alunos que todos esses ônibus parem no mesmo tubo para que eles não tenham que escolher qual usar e possam pegar o coletivo que passar antes. Atualmente, há dois tubos no local”, explicou.
“Até o mês de julho, gradualmente, teremos totalmente reestabelecida a rede do transporte coletivo da Região Metropolitana de Curitiba, o metrô de superfície que foi invejado por 250 cidades em todo o mundo”, prometeu o prefeito.
Dúvidas e sugestões
Os usuários que desejarem tirar dúvidas ou deixar seus elogios, sugestões e reclamações a respeito das mudanças no sistema podem entrar em contato pelo telefone 156 ou ainda acessar o site www.urbs.curitiba.pr.gov.br, onde são disponibilizadas diversas informações a respeito dos horários, linhas e tarifas.