A Cidade Industrial de Curitiba (CIC) está mais colorida. Coincidência ou não, o bairro vive um momento de efervescência cultural nunca antes visto, para alegria daqueles que nasceram, cresceram e têm com a Vila Nossa Senhora da Luz uma relação de mãe e filho.
As novas cores ficam por conta do projeto Memória Mural, realizado em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba e a Tintas Coral para comemorar o aniversário de 50 anos da vila. A vida e as pessoas do bairro estão representadas nos desenhos que se incorporam a importantes locais da comunidade, como, por exemplo, a fachada do salão social do Santuário São Leopoldo Mandic, os muros da Escola Municipal Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e a escadaria da Vila Oswlado Cruz II, ao lado do terminal.
O projeto é realizado pelo coletivo Anima CIC, um grupo de amigos que nasceram no bairro e têm o objetivo de fomentar diversas manifestações de arte na região. “Estamos culturalmente envolvidos até o pescoço e tem muita gente querendo produzir arte, mas não tem o empurrãozinho. Então nós repassamos o nosso conhecimento”, detalha o produtor Alex Otto. “Temos uma relação muito forte com a vila, nunca conseguimos sair daqui. Eu digo que a Vila Nossa Senhora da Luz é a minha segunda mãe, é uma relação afetiva”.
Assim como ele, o artista Paulo César Oliveira, conhecido no meio cultural como Paulo Auma, destaca a importância da produção de arte para o bairro. “Era uma demanda daqui. Muita gente está querendo ver esse tipo de coisa”, diz. “Assim vão nascendo possibilidades, as pessoas sabem que podem construir cultura de qualidade com as próprias mãos”, destaca. Cinco artistas compõem o coletivo, envolvidos com teatro, música, artes plásticas e outras manifestações culturais.
História valorizada
No Santuário São Leopoldo Mandic, Frei Miguel e Israel Araújo Muniz foram os escolhidos para representar o bairro. Israel é a principal liderança da vila e foi o responsável pela entrega das chaves das primeiras casas da região. Junto com eles, estão símbolos do bairro, como ferramentas que representam a característica industrial da região. “Não fugimos desta temática, não queremos destoar do espaço, mas sim fazer a comunidade interagir, se reconhecer. Isso é muito legal”, destaca Paulo Auma.
Além dos murais que estão em produção e serão concluídos até março do ano que vem, a equipe do projeto realiza oficinas de técnicas artísticas e culturais (fotografia, pintura mural, fanzine, teatro e serigrafia) com multiplicadores. O objetivo é incentivar ainda mais a produção de cultura por toda a comunidade e resgatar a memória da região com pesquisas entre os próprios moradores. Serão produzidos ainda kits históricos, distribuídos em centros culturais e escolas da região, além de um documentário com depoimentos de moradores.