Nem o frio intenso da manhã de ontem impediu os moradores da Vila Nossa Senhora da Luz, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), de conferirem as ações da Redação Móvel da Tribuna, RPC e Rádio 98 FM. Em frente à Paróquia Nossa Senhora da Luz, na Rua Davi Xavier da Silva, a reportagem dos Caçadores de Notícias conversou com personagens do bairro, a RPC registrou o atendimento do projeto Justiça no Bairro e gravou o quadro Desaparecidos, e a Rádio 98 FM distribuiu pipoca e exemplares da Tribuna para a comunidade.
Figurinha carimbada nos jogos da tradicional Copa Quarentinha, que acontece na cancha em frente à paróquia há mais de 30 anos, o narrador, locutor e repórter esportivo Altevir da Silva, de 61 anos, chegou cedo e logo se apresentou à equipe da Redação Móvel. “Eu faço as três funções durante a partida. Da arquibancada, narro os lances e faço a propaganda dos comércios da região. No intervalo e no final, pego o microfone sem fio e vou até o meio do campo para entrevistar os jogadores”, conta.
Com a voz e a entonação clássicas dos narradores esportivos, Altevir mescla os lances do jogo com a publicidade das lojas apoiadoras, com velocidade e bom humor. O grito de gol é daqueles bem compridos, cheios de vibração. “Narro os Jogos da Quarentinha desde 1992. Antes do jogo começar, levo o equipamento de som e me instalo em frente à panificadora. Isso aqui enche de gente.” Segundo ele, o campeonato foi criado pelo morador João Marreiro, policial militar aposentado que foi muito ativo em iniciativas voltadas para a vila, à frente da Associação Itamarati. “Hoje ele está muito enfermo, com mais de 80 anos. Mas é conhecido de todos aqui.”
Na Copa Quarentinha competem jogadores acima de 40 anos. A final, a ser disputada entre Xodó e Camarões, será amanhã, às 16h, na cancha em frente à paróquia. “Foram 12 equipes envolvidas, que jogaram durante cinco meses. Daqui a 30 dias vai começar a Copa Cinquentinha, para os maiores de 50 anos”, informa o narrador multifunção, que concilia as atividades em campo com o ofício de porteiro e recepcionista.
Artesanato e canto
No salão paroquial, onde era realizado o atendimento do Justiça no Bairro, a moradora Leonir Lucinda dos Santos, 82, aproveitou para expor os trabalhos produzidos pelo Grupo de Idosos da igreja. “Somos em 40 no total, e fazemos tricô, crochê, bijuteria”, conta. “As reuniões são nas quintas-feiras, a partir das 13h. Em uma quinta temos artesanato, na outra, aula de canto. Quem tiver mais de 60 anos e quiser participar, é só chegar”, convida.
Leonir mora há quase 50 anos na vila, e se lembra bem de como foi o início do primeiro conjunto da Companhia de Habitação Popular (Cohab) do Brasil. “Quando cheguei, as moradias já estavam construídas. Era tudo naquele padrãozinho, hoje são todas diferentes. A vila melhorou bastante de lá para cá, naquele tempo, não tinha água nem luz onde eu morava”, lembra.
Ela foi durante muitos anos vice-presidente da Associação Itamarati, que era presidida por João Marreiro. “Uma das principais atividades era a Guarda Mirim, parecida com os escoteiros. Também cozinhávamos todos os dias para dar alimentação para a criançada que voltava da escola e que tinha os pais trabalhando fora.”
Prontos pra dizer o “sim”
O casal Poliana Cristina Caldeira, 21, e Murilo Neres Velozo, 25, está animado para o próximo 10 de novembro. Eles ficaram sabendo pela RPC que a equipe do Justiça no Bairro estaria na CIC fazendo inscrições para o casamento coletivo, e saíram do Caiuá para garantir uma vaga. “A gente namora há oito meses, e estamos moramos juntos”, conta Poliana. “O líder da célula da nossa igreja orientou que era melhor casarmos. Resolvemos aproveitar a oportunidade, porque desta forma é mais rápido e barato”, justifica Murilo. Agora, os pombinhos terão pouco mais de três meses para se prepararem para o grande dia e oficializarem a união.
O Justiça no Bairro é um projeto idealizado pela desembargadora Joeci Machado Camargo que dá orientação jurídica gratuita para a comunidade, além de resolver causas familiares em que há consenso e as duas partes estão presentes. Na hora, os interessados podem fazer reconhecimento de paternidade, solicitar pensão alimentícia, divórcio e até coletar material para exame de DNA (este, a preços especiais), além de se inscreverem para o casamento coletivo.