Águas do despejo

Escrito por Magaléa Mazziotti

Este mês fez um ano que a BR-376, no Contorno Sul, foi fechada por moradores inconformados com a região submersa pelas águas acumuladas da chuva que começou em 6 de junho do ano passado e seguiu até a manhã seguinte. O triste episódio não serviu para cessar tragédias provocados pelas enchentes, principalmente para quem vive perto da linha férrea, nas Moradias Vitória Régia, CIC.

O garçom Marcos Roberto Froguel, 43 anos, que há quatro anos mora na Rua Luís Stopinski, a duas quadras da Rua José Laurindo de Souza, explica que a rotina dos moradores é ficar em estado de alerta sempre que chove. “Por sorte, não moro em frente ao rio como o pessoal da Rua José Laurindo de Souza, e a água só subiu na minha casa quatro vezes”, comenta.

Solidariedade

Apesar do que Marcos classifica como sorte, ele admite a tensão a cada chuva mais forte. “Na última chuva forte de maio, tivemos que ajudar os vizinhos daquela rua a retirarem seus carros de casa para deixar na nossa rua ou mais para cima, já que a água invade sempre lá”, recorda.

De acordo com Marcos, desde a grande cheia do ano passado, a única ação efetiva do poder público para evitar transtornos e prejuízos foi levar uma máquina para aumentar um pouco a vazão do rio. “Como dizem aqui, abrem as comportas do Parque Barigui para evitar enchente lá, mas nem ligam de afundar a CIC”.

Muitos desistiram de esperar providências e fogem das enchentes. Foto: Gerson Klaina.
Muitos desistiram de esperar providências e fogem das enchentes. Foto: Gerson Klaina.

Não é difícil entender porque vários imóveis na região exibem placas de vendas. Segundo a vizinhança, quase não surgem interessados em conhecer, muito menos adquirir um dos imóveis deixados por quem desistiu de esperar por solução efetiva.

Promessa de intervenção

A Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP), no entanto, informou que as Moradias Vitória Régia vão ser beneficiadas por duas importantes intervenções em 22 quilômetros do Rio Barigui, com investimento de aproximadamente R$ 25 milhões. A primeira intervenção já começou e está 46% executada. Trata-se de obras de perfilamento do canal do Rio Barigui. A área referente ao Moradias Vitória Regia, deverá ter obras em agosto.

A outra intervenção é complementar o perfilamento do rio. Isso deve começar ainda neste mês com previsão de execução de doze meses. A ordem de serviço já foi assinada pela SMOP. Essa obra consiste na execução de muros de contenção de margens em gabião (tipo de estruturas armada) em 17 pontos do rio onde ocorrem as erosões ou depósitos de material assoreado. As duas obras têm como objetivo reduzir os riscos de enchentes na região.

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Magaléa Mazziotti

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