Como você costuma ir ao trabalho: de ônibus, carro, bicicleta, a pé ou… de patinete? Hoje em dia são muitas opções, o que faz com que haja cada vez mais mobilidade urbana e facilidade no transporte diário. Como complemento para o transporte público, os patinetes podem ser uma boa opção para quem, na maioria das vezes, tem que caminhar do ponto de ônibus até o local de destino. Opção divertida também, mas é importante tomar cuidado.
O serviço, que começou a ser usado neste ano, é bem simples e o uso é igual ao da bicicleta elétrica, que já é conhecida desde o ano passado. Segundo Marcel Baião Bely, gerente de relações públicas das empresas, que se uniram e formaram a Grow, o perfil de uso tem sido exatamente de quem busca fazer um complemento no transporte. “Alguém que está no Centro, por exemplo, e utiliza para pequenos deslocamentos”, define.
Disponibilizados em pontos estratégicos, como próximo a estações-tubo, shoppings e até a rodoferroviária, os patinetes têm sido usados cada vez mais. “Nas primeiras horas do dia, são pessoas que estão se deslocando ao trabalho e utilizam para fazer o primeiro trajeto até uma estação de ônibus próxima. Isso também acontece no final da tarde, na volta do trabalho”, explica Marcel.
No meio da tarde, quem usa os equipamentos elétricos são aquelas pessoas que têm compromissos em regiões próximas aos pontos em que os patinetes são encontrados. Há executivos que usam o equipamento para reuniões, mas também estudantes e outras pessoas que querem mais agilidade do que andar.
A vinda dos patinetes a Curitiba ainda é recente, por isso muita gente ainda tem curiosidade sobre os equipamentos. Enquanto isso, em São Paulo, por exemplo, o uso é bem maior, utilizado justamente para ajudar no transporte do dia a dia. “Temos números que dizem que o uso perto de estações de metrô e trem, em São Paulo, é 18x maior. Isso demonstra que o propósito de ser uma solução para última milha está sendo cumprida”, detalha Marcel.
Grana extra
Além de auxiliar na mobilidade urbana, os patinetes servem ainda como um complemento de renda para algumas pessoas. Isso porque os equipamentos são elétricos e, por isso, precisam ser recarregados. Você nunca se perguntou como vinha a carga desses equipamentos, já que estão sempre nos mesmos pontos?
Para manter a carga dos patinetes, tanto a Grin como a Yellow atuam de duas formas, uma pelas próprias empresas e outra recrutando pessoas que são chamadas de “carregadores”. “As pessoas se cadastram no site da Yellow ou da Grin para se tornarem carregadores. Essas pessoas vão ter um cadastro específico e recolhem os patinetes após o horário de uso”.
A recarga da bateria é feita em casa, pelo próprio carregador, que no outro dia tem que devolver os patinetes em um ponto de uso. Essas pessoas recebem R$ 5 por equipamento carregado. “Já no caso da Yellow, é diferente, as pessoas pegam o equipamento, levam até uma base e a própria empresa faz o carregamento e coloca de novo os patinetes na rua no outro dia”, explica o gerente de relações públicas, informando ainda que, na Yellow, as pessoas recebem R$ 3 a cada patinete recolhido.
Este serviço, que faz com que os patinetes estejam sempre carregados, tem proporcionado um dinheiro extra às pessoas que recolhem os equipamentos. “Tem muita gente que está aproveitando para incrementar a renda mesmo, como motoristas de aplicativo que, no período em que estão sem corrida, utilizam o tempo para recolher o patinete e aumentar a renda”.
Desde o começo do ano, quando começaram a circular pela cidade, os patinetes levantaram a mesma questão que já foi alvo de discussão em outras cidades: a regulamentação. Isso porque embora seja um serviço de praticidade, é importante que as pessoas saibam quais os cuidados devem tomar para evitar acidentes. Como nos casos das bicicletas, os patinetes deixam as pessoas que os usam bem expostas.
À Tribuna do Paraná, o gerente de relações públicas da Grow destacou que a empresa está junto nas discussões para a regulação. “Estamos em constantes diálogos com os órgãos públicos e, no caso de Curitiba, temos conversado muito com a prefeitura e com a Urbs, fornecendo dados e mostrando exemplos de outras cidades e regulações internacionais”, detalha.
Segundo Marcel, a empresa entende que deve ser um agente ativo na questão, principalmente para que o serviço continue. “A nossa intenção é que Curitiba tenha uma regulação inteligente e que ajude no bom ordenamento da cidade”.
Por enquanto, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) não estabelece regras que balizem o uso de patinetes elétricos, por isso Curitiba busca apoiar os novos modais e, ao mesmo tempo, cumprir a legislação vigente, se preocupando com a segurança no trânsito, notadamente para pedestres. “É livre o uso, consciente e cuidadoso, das calçadas e vias públicas, compartilhadas ou não, pelos modais de inovação”, esclarece o prefeito Rafael Greca, reforçando a prioridade das calçadas aos pedestres.
A prefeitura informou que tem analisado a evolução do serviço com equipes da Superintendência de Trânsito (Setran) e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc). Por enquanto, o que vale é a legislação federal de trânsito vigente (que pode mudar depois que houver uma regulamentação pelo Contran), que estabelece velocidade máxima de 6 km/h em áreas de circulação de pedestres, e 20 km/h em ciclovias, ciclofaixas e ruas.
Além da questão da velocidade máxima, a prefeitura também alerta para o estacionamento: é vedado o estacionamento de bicicletas e patinetes no passeio livre, bem como nas pistas táteis de acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Além disso, é proibida a circulação em canaletas e faixas exclusivas do transporte coletivo.
O uso de capacete para os patinetes é recomendado, embora ainda não haja uma determinação oficial. Conforme o gerente de relações públicas da Grow, as duas empresas não possuem registro de acidentes graves no Brasil todo. Já os pequenos acidentes (como quedas, por exemplo), acabam não sendo reportados. “Mas é importante ressaltar que, em caso de acidente, as duas empresas possuem seguro com cobertura para acidentes de usuário”, informa Marcel Bely.
Como usar?
Para usar, é só acessar pelo aplicativo da Yellow, da Grin ou de alguma empresa que tenha o serviço integrado (o Rappi, por exemplo). “Uma vez que você tem uma conta no app, você localiza o equipamento mais perto pelo mapa, vai até ele, faz a leitura do QR-code com o celular e, destravando, está pronto para o uso”, explica Marcel.
O custo pode ser baixo, ainda mais se o trajeto for pequeno: você paga R$ 3 para desbloqueio do patinete e R$ 0,50 por minuto usado. O preço final vai depender de quanto tempo você usar, podendo chegar a R$ 15 se ficar por 30 minutos.