Só Músicas é o nome do lugar, na Galeria Cezar Franco, Centro de Curitiba, que ao longo de duas décadas se consolidou como passaporte para o universo musical. São 10 mil obras dispostas pelo ambiente, decorado por capas de discos e cartazes de filmes. À frente está o comerciante Clovis Cordeiro da Silva, 68 anos, que guia e orienta os clientes mais curiosos. Natural de Mandaguari, norte do Paraná, ele atribui a sua formação musical ao rádio. “Não tínhamos aparelho em casa, mas dava para ouvir o do vizinho e pelas ondas descobrir artistas maravilhosos e como Alaíde Costa e Nélson Gonçalves”, conta.
A partir dos 13 anos, Clovis passou a aprofundar seus conhecimentos sobre a música popular brasileira e internacional. “Minha mãe sabia o meu humor pelo repertório do dia”, comenta. O que ele não previa é que o apreço da juventude se tornaria a fonte de renda. “Vim para Curitiba em 1978, porque trabalhava na Hermes Macedo (HM) de Maringá e fui transferido para a capital. Tinha 45 anos na época em que a rede chegou ao fim e a ideia de abrir um negócio pareceu mais interessante que procurar outro emprego”, resume.
Ele montou uma loja de discos em parceria com um colega. Dois anos depois, comprou a parte do sócio, mudou o nome da loja e seguiu no ramo.
Vinil na moda
A retomada do interesse pelo vinil, nos últimos oitos anos, tornou mais difícil a manutenção do acervo. “Tenho um fornecedor que vai atrás de coleções de Norte a Sul do país, mas está cada vez mais difícil”, reconhece. Se no início da loja, o CD estava no auge e fazia com que a cada 10 produtos vendidos, nove fossem CDs, hoje a relação inverteu. “Mais de 90% da procura são pelos bolachões, que de fato têm qualidade sonora incomparável. CDs e DVDs respondem pelo restante das vendas”, defende.
A preferência independe da idade. “Recebo menino de 6 anos que ouve Beatles e vem com os pais e pessoas mais velhas que amam jazz, bossa e MPB”. Segundo ele, a sintonia fina com os frequentadores da loja é o principal motivo que o impede de transformar a loja em negócio virtual. “Mesmo em períodos de crise como agora, que o movimento caiu pela metade, não consigo abrir mão do contato com as pessoas”.
Realização
“Recebo aqui desde quem quer conhecer um pouco mais sobre tal artista ou época, até músicos que admiro muito. É um privilégio conseguir pagar as contas dessa forma”, garante.
“Busco harmonia e boa letra, algo que a programação das rádios comerciais não prioriza atualmente”, dispara Clovis.
O respeito às obras, gradativamente, transformou o estabelecimento de Clovis em parada obrigatória dos amantes da música. Charles Gavin, Ed Motta e Emílio Santiago estão entre os clientes ilustres que ficam extasiados com as raridades garimpadas pelo Só Música.
Referência entre os músicos
Do rock à MPB, passando pela música de raiz, na seleção de Clovis, a qualidade é o critério que direciona suas escolhas pessoais e as que estão à venda. “Busco harmonia e boa letra, algo que a programação das rádios comerciais não prioriza atualmente, talvez seja por isso que vivemos essa era de sucessos descartáveis”, dispara.
Esse respeito às obras, gradativamente, transformou o estabelecimento de Clovis em parada obrigatória dos amantes da música famosos ou não. Charles Gavin, Ed Motta e Emílio Santiago estão entre os clientes ilustres que ficam extasiados com as raridades garimpadas pelo Só Música.
Serviço
Só Música
Endereço: Rua Emiliano Perneta, 30 – Galeria Cezar Franco – Loja 19. Aberta de segunda a sexta, das 10h às 18h30 e aos sábados das 10h às 13h.
Telefone: (41) 3222-4339.