Com dores no pé esquerdo, na tarde de sexta-feira (22) o operador de empilhadeira Sérgio José da Silva, 41 anos, buscou atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA) Matriz, que é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de Curitiba e Universidade Federal do Paraná e funciona dentro do Hospital de Clínicas da UFPR.
“Vou sempre até a UPA do Pinheirinho, mas hoje, como estava no Centro e com muita dor, decidi vir aqui. Achei a estrutura boa, mas o atendimento é demorado. Por ser ao lado do Hospital de Clinicas (HC), acho que deveria ter mais médicos, pra atender esse pessoal de Curitiba e de outras cidades”, relatou.
Picada por uma aranha, a porteira Michele da Glória, 32, também se queixava da demora. “Me deram previsão de até três horas para ser atendida. Já se passaram quase duas horas e nada. Sei que tinha apenas 12 pessoas na minha frente, mas o atendimento está muito demorado entre uma consulta e outra”.
Satisfeitos
Frequentador da UPA Matriz desde que a unidade foi inaugurada, há cerca de um ano e meio, o operador de máquinas Aroldo Knopick, 51, não tem do que reclamar. “Venho aqui sempre, trago minha família quando alguém precisa e sempre fui bem atendido. É tudo limpo e os médicos e enfermeiros nos tratam bem. Considero a demora na fila normal, só tem que ter um pouco de paciência, até porque as pessoas são chamadas de acordo com a gravidade de seus casos”, opina.
Outra usuária satisfeita é a dona de casa Geni Scholles Strickes, 52. “Aqui consegui atendimento para minha mãe, de 91 anos, que está com pneumonia, trombose e problemas nos rins. Levei ela ao postinho perto de casa, mas a médica de lá nos encaminhou para esta UPA, onde ela foi consultada e depois encaminhada para o internamento no HC. Hoje vim visitá-la e aproveitei para acompanhar meu marido, em uma consulta para verificar sua pressão alta e os problemas cardíacos. Gostei daqui, o atendimento é mais rápido e o tratamento dado pela equipe medica é melhor do que em outras UPAs, como a do Boqueirão, que é bem ruim”.
Normalidade
Após receber relatos enviados por leitores, que reclamavam de problemas no atendimento e de sujeira no local, a equipe de reportagem da Tribuna esteve na UPA Matriz no início da tarde de sexta-feira (22). Encontramos uma unidade com sala de espera e banheiros limpos e cerca de 25 pessoas aguardando para serem atendidas.
No quadro exposto na unidade havia a informação de que, no momento, a equipe de atendimento era composta por três médicos e cinco enfermeiros, além do pessoal da área administrativa e dos dois guardas municipais que estavam presentes na entrada. Os pacientes que aguardavam aparentavam certa tranquilidade. Uma mulher que gritava de dor, e supostamente seria um caso mais grave, foi atendida pouco tempo após chegar.
Funcionamento e estrutura
Segundo informações da prefeitura, um convênio entre a Secretaria da Saúde e UFPR possibilitou a utilização de um espaço de cerca de dois mil metros quadrados, que funciona no subsolo e primeiro andar do Hospital de Clínicas. Lá há dez consultórios médicos (seis para adultos e quatro para pediatria), além de 20 leitos, divididos em femininos, masculinos, alto risco, isolamento e de curta permanência. A UPA conta com 200 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, outros profissionais de saúde e equipe administrativa.
Adultos e crianças consultados na UPA Matriz e que precisam de atendimento hospitalar são direcionados para o HC. A unidade é referência para atender casos de urgência e emergência dos moradores atendidos pela regional Matriz, formada pelos bairros Bom Retiro, Ahú, Cabral, Centro Cívico, Juvevê, Hugo Lange, Jardim Social, São Francisco, Alto da Glória, Mercês, Alto da XV, Bigorrilho, Centro, Batel, Rebouças, Cristo Rei, Jardim Botânico e Prado Velho.
Mas um levantamento realizado pela Secretaria Municipal da Saúde aponta que até 40% dos usuários das UPAs de Curitiba vêm de municípios vizinhos. O impacto é mais sentido nas UPAs Boa Vista e Matriz, onde entre 30% e 40% do total de atendimentos são para usuários de outros municípios, principalmente Colombo e Almirante Tamandaré. Em média, nas nove UPAs da cidade, 10% da demanda é de moradores da região metropolitana.