Muitos trabalhadores acreditam que o horário de almoço curto e o orçamento apertado não combinam com boa gastronomia. Mas para quem trabalha no Centro de Curitiba, o Centro Histórico oferece opções saborosas e diferentes dos buffets do dia a dia, por preços que não pesam muito no bolso. A região reúne muitos restaurantes com culinárias de diferentes partes do Brasil e do mundo. Sem contar o agradável passeio no meio do casaril antigo e dos pontos turísticos, que alimentam os olhos.
Uma destas opções é o Restaurante Jeito Mineiro, que fica na Rua Riachuelo, quase em frente ao Paço Municipal. Há oito anos, o local abriu servindo a comida mineira de raiz. Mas com o tempo, explica uma das proprietárias, Maria Bonamigo, foi necessário tornar a comida mais leve e variada, com comidas não mineiras e menos fritura.
Em cada dia da semana, há um prato destaque, como costela bovina, dobradinha, barreado e yakissoba. Maria tentou tirar do cardápio alguns pratos, mas teve que colocá-los de volta, porque a clientela sentiu falta e pedia todos os dias. Exemplos são o ovo frito (36 dúzias por dia) e o torresmo (que antes era servido somente no dia da feijoada e hoje é diário). O buffet livre custa R$ 14,90 e o quilo, R$ 28,90. A marmita com duas carnes, montada pela equipe da casa, sai por R$ 13.
Italiano
Na Rua São Francisco, há 30 anos existe o Nonna Giovanna, que serve comida italiana. Logo que o cliente passa pela calçada, já vê na porta o cardápio com lasanha, nhoque, talharim e várias outras massas caseiras, todas feitas artesanalmente. Mas o carro-chefe da casa é o bife à parmegiana que, em 2013, foi premiado como o melhor Sabor Popular pelo jornal Gazeta do Povo. O cardápio também tem comidas que não são italianas, como frango grelhado, bife acebolado, feijão com arroz e batatas fritas. O serviço é a la carte e, dependendo do prato, a pessoa gasta, em média, de R$ 25 a R$ 40 (com bebida). Segundo o proprietário Valter Lengler, os clientes do Nonna Giovanna são aqueles que gostam de variar o almoço e passam lá de vez em quando.
A calmaria do alto do Largo
Diferente da parte baixa do Largo da Ordem, onde a circulação de pessoas é muito maior e lota os restaurantes na hora do almoço, a parte alta tem restaurantes tranquilos, com vistas de encher os olhos. É o caso do Oriente Árabe, na esquina das ruas Kellers e Doutor Muricy. Do casarão é possível avistar o Relógio das Flores, a Igreja do Rosário e a Casa Romário Martins. Para atrair os clientes no almoço, o local tem um prato executivo que pode ser personalizado pelo cliente, a R$ 24,90.
Há também o rodízio de comida árabe (com mais ou menos 20 pratos, entre eles kibe cru, coalhada, cafta, charutinho na folha de parreira,carneiro, entre outros) a R$ 67 por pessoa e pratos a la carte, com preços variados.
O restaurante funcionou por 32 anos na esquina das Ruas XV de Novembro e Ébano Pereira.
Entre outros motivos, diz o proprietário, Fernando Portella, há 16 anos mudou-se para o Largo da Ordem como forma de valorizar a cultura da cidade e de convidar o curitibano a viver o Centro Histórico. A clientela do restaurante é maior nos fins de semana. Metade é de curitibanos e a outra parte de turistas.
Gastronomia paranaense
Ainda na região do Largo da Ordem, na Rua Rua Doutor Claudino dos Santos (calçamento próximo ao Cavalo Babão e à Igreja do Rosário) está o restaurante Farnel, com comida típica paranaense. Lá o cliente encontra barreado (R$ 37 a R$ 75), paçoca de carne (R$ 36), feijão tropeiro (R$ 38), camarão (do nosso litoral) com aipim, entre outros pratos típicos. O feijão tropeiro tem uma versão vegetariana, pelo mesmo preço. O único prato que não é paranaense, diz a dona do Farnel, Anna Vargas, mas foi ‘adotado‘ pelos curitibanos, é o pierogui (R$ 27).
Mas a grande pedida da casa é o barreado na caneca, que é uma versão ‘miniatura‘ do prato, próprio para quem quer apenas experimentar, come pouco ou para crianças. Sai R$ 15,60, é acompanhado de uma pequena porção de pirão, farinha de mandioca e uma banana. As sobremesas também são típicas daqui: o figo (feito artesanalmente em panela de tacho, demora dois dias para ficar pronto), o doce de abóbora e o bolo de chocolate fofinho, ‘igual o da vó‘, lembra Anna.
Medo do Centro
Os comerciantes do Centro Histórico dizem que o curitibano tem um enorme preconceito da região. ‘Aqui é um lugar bonito e tranquilo. Às pessoas que vêm aqui à noite dizem: nossa, como o Largo está bem iluminado, limpo, conservado. O curitibano não conhece o Centro da sua cidade‘, lamenta Anna Vargas, dona do restaurante Farnel e presidente da Associação dos Empresários do Centro Histórico, que batalha para que as pessoas frequentem mais a região.
‘As pessoas ‘vendem mal‘ o Centro. É uma região que tem três ’caras’: a que os governantes vendem (de um local maravilhoso, sem nenhum problema); a que a mídia vende (extrema violência); e o que é na realidade. Aqui não é assim violento, sujo e feio como falam. Pelo contrário. É um local bonito, limpo e com muita história. É claro que você não vai andar com a máquina fotográfica no peito nem o celular na mão dando sopa. Mas se fosse lá no Rio de Janeiro, por exemplo, você não anda nem com a aliança no dedo. Aqui no Centro de Curitiba você consegue tranquilamente andar com um anel, uma corrente, a bolsa‘, analisa Maria.