Com tantas situações de invasões ao coletivo da linha Alferes Poli, que até ficou conhecida como “ônibus do terror”, a própria população começou a procurar uma forma de evitar o problema. A mais fácil, encontrada há algum tempo por quem usa o transporte público, foi embarcar numa outra linha de ônibus que tem um roteiro bem parecido com a problemática: a Guilhermina.
“Pra mim, era mais fácil embarcar no Alferes Poli, pegava todos os dias principalmente para levar um dos meus filhos na escola, mas depois do que vem acontecendo, procuramos alternativas”, contou uma moradora do Parolin entrevistada pela Tribuna do Paraná. A jovem, de 27 anos, que pediu para não ser identificada, disse que a situação está cada vez pior.
Segundo a mulher, além das invasões, o ônibus cheira mal e vários tipos de crimes acontecem no interior do coletivo. “Tem tráfico de drogas e muita gente já foi assaltada também. A situação é bem tensa, muito complicado”, desabafou. Ouça:
Depois da denúncia pela Tribuna do Paraná e de uma ação da Guarda Municipal (GM) na região, que 23 pessoas que não tinham pagado a passagem foram encaminhadas à delegacia, nada mudou. “No outro dia, todo mundo já estava de volta invadindo o ônibus. Eles sabem que nada vai acontecer, por mais que a polícia esteja perto, que a guarda atue firme, eles voltam logo depois”.
Alternativa fácil
Para quem paga a passagem normalmente, o Alferes Poli já nem é considerado como opção. Através do site da Urbanização de Curitiba (Urbs), os moradores descobriram que a linha Guilhermina, que também parte da Praça Rui Barbosa e tem como ponto final as proximidades da Linha Verde, no Fanny, faz praticamente o mesmo trajeto do outro ônibus e passa até por lugares mais seguros. “A partir dessa descoberta, eu simplesmente abandonei o ‘inferno Poli’”, comentou a passageira.
Dentro do Guilhermina, motorista, cobrador e também os passageiros compartilham da mesma opinião: “Se tirarem o Alferes Poli de circulação, o problema vai migrar para outras linhas. Até porque isso já aconteceu, há um tempo, quando tentaram tirar por uns dias”, disse um estudante, de 23 anos.
O rapaz contou que nunca chegou a pegar o Alferes Poli, mas como mora perto de um dos pontos críticos, conhece bem a situação. “Vejo tudo de casa. Os caras invadem mesmo. Mas escolhi pegar o Guilhermina pela facilidade, pois no meu caso é mais cômodo”.
“Eu mesmo nunca entrei naquele ônibus (o Alferes Poli), porque é mesmo o verdadeiro inferno. Tenho dó do motorista”, comentou uma idosa, passageira do Guilhermina. “Até já cheguei a usar o outro, mas não dá não, a gente entra no ônibus pra sentir medo”, completou outra mulher, sentada logo à frente.
Dados assustam
O coletivo da linha Alferes Poli realmente dá mais prejuízo. De acordo com a Urbs, menos de 30 passageiros (pagantes) usam o Alferes Poli por dia. Em valores, o coletivo custa R$ 1,4 mil e arrecada apenas R$ 98, segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp).
Numa comparação rápida aos números do Alferes Poli, a linha Guilhermina tem cerca de 2.250 passageiros por dia e não dá prejuízos. Conforme a Urbs, essa é mesmo uma opção para quem quiser fazer o trajeto parecido com o que faz o Alferes Poli. Para os usuários que descem na Linha Verde, a outra opção também pode ser o ligeirão, que para em menos locais e, portanto, vai mais rápido.