Moradores, comerciantes e frequentadores do Centro de Curitiba já não sabem mais o que fazer com um antigo problema que atinge a região há décadas: o mau cheiro. A região da Praça Carlos Gomes é o alvo principal das reclamações. O fedor, que aumenta consideravelmente nos dias quentes, atinge as ruas José Loureiro, Pedro Ivo, Dr. Muricy e Monsenhor Celso. Segundo quem vive ou trabalha na região, o cheiro de esgoto toma conta da localidade quando as temperaturas sobem na capital.
O empresário Rafael Strugale é proprietário de uma academia de ginástica localizada na Rua Monsenhor Celso, em frente à Praça Carlos Gomes. De acordo com ele, nos dias quentes é quase impossível trabalhar no local. “O pessoal que fica aqui na recepção, que dá de frente pra rua, é que sofre mais. É só fazer calor e bater um sol, que o fedor toma conta de tudo e fica complicado de trabalhar”, explica.
Thassia Túlio, que é recepcionista da academia, conta que só consegue trabalhar com a ação de aparelhos e sprays com aromatizantes de ambiente. “Usamos o tempo todo nessa época do ano, senão o fedor invade a academia. Fica ruim pra quem trabalha por aqui e também para os alunos, que acabam sofrendo com o mau cheiro”, diz.
O aposentado Virgílio Cruz, que é morador do Centro, conta que o problema do mau cheiro na região é antigo e piorou nos últimos 20 anos. “Tudo isso acontece por causa do Rio Ivo e odor sempre exisitiu, mas ultimamente piorou muito. Quando começou a abrir esse monte de lanchonetes a coisa desandou e agora ninguém consegue resolver”, reclama.
Ligações irregulares
De acordo com a Sanepar, o mau cheiro constante na região da Praça Carlos Gomes ocorre por causa da poluição do Rio Ivo, que corta a área. “Há diversos fatores que contribuem para que o Rio Ivo seja poluído. Entre eles estão as ligações irregulares, caixa de gorduras entupidas e até produtos utilizados na limpeza de prédios e calçadas, que acabam indo direto pro rio”, explica Ernani Ramme, engenheiro da Unidade de Serviços de Esgoto da empresa.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, órgão responsável pela fiscalização das redes de esgoto da capital, reconhece falhas no sistema e afirma que, por ser tratar de uma região com tubulações antigas, há dificuldades em se realizar vistorias. “Para ter ideia, a tubulação em algumas ruas passa no meio da via e não sob as calçadas, como acontece com as novas redes”, explica Renato Lima, secretário da pasta.
Ainda segundo Lima, no fim de dezembro a prefeitura apresentou o Plano Municipal de Saneamento, que tem entre suas propostas a readequação e ou substituição das redes coletoras de esgoto implantadas no centro das ruas na área central de Curitiba. “Com a implementação deste plano teremos uma avaliação mais eficaz de toda a rede da região e com isso vamos conseguir agir de maneira pontual em pontos de ligações clandestinas e redes rompidas, que são os fatores que geram o mau cheiro no Centro”, conclui o secretário.