Um vizinho ajudar a cuidar do terreno do outro já foi um hábito comum nas cidades para ajudar a prevenir crimes. Com a tecnologia dos smartphones, a praxe que andava meio fora de moda ganhou nova roupagem e voltou a contribuir com o aumento da sensação de segurança nos bairros de Curitiba. Um trio de empreendedores curitibanos inovou ao criar um aplicativo específico para a troca de informações sobre segurança. Batizado de ViZiN, pretende retomar a prática dos avisos boca a boca, que já vinham sendo adotados em grupos de redes sociais e aplicativos como WhatsApp, para avisarem uns aos outros de qualquer atitude suspeita em sua rua, quadra ou bairro.
O aplicativo, que pode ser baixado gratuitamente, foi desenvolvido em outubro de 2015 e lançado em dezembro do mesmo ano. O projeto-piloto foi feito em uma parceria do trio do ViZiN com a Associação Comercial do Capão Raso (ACCR). Cerca de 70 comerciantes da região testaram o dispositivo. ‘Tínhamos um grupo no WhatsApp com associados em que um falava para o outro de algum furto ou aparecia alguém suspeito. Mas rapidamente o assunto mudava. Tanto que hoje é mais um grupo de negócios do que para a segurança‘, conta o presidente da ACCR, Claudio Jose Turin.
Com o projeto-piloto, a startup que idealizou o ViZiN se aperfeiçoou: criou uma versão para iOS, já que nem todos tinham sistema operacional Android em seus celulares. ‘Também incluímos a opção de as pessoas criarem grupos fechados para se comunicar. Antes, dávamos apenas a opção dos bairros de Curitiba. Percebemos que as pessoas se sentem mais confortáveis, muitas vezes, trocando informações com pessoas que se conhecem, como em uma mesma rua, por exemplo‘, conta um dos idealizadores e CEO do ViZiN, Eduardo Vieira.
A comerciante Sonia Charneski, dona de uma loja de roupas no Capão Raso, conta que já foi assaltada mais de uma vez e, com o aplicativo, ganhou mais uma opção para se sentir segura. ‘Já conto com os comerciantes da vizinhança, que avisam se veem alguma movimentação estranha, trocamos mensagens, mas, agora, cada vez que ouço o alarme, corro pegar o celular para ver se foi algo na minha região‘, diz.
Não dispensa o 190!
Apesar de aprovar a iniciativa do ViZiN como contribuinte para ampliar a sensação de segurança, ele não deve ser tomado como substitutivo do contato direto com os agentes de segurança pública, alerta o comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar, o tenente-coronel Carlos Eduardo Rodrigues Assunção.
‘Somos favoráveis a todas as iniciativas de as pessoas se autoprotegerem e o aplicativo faz com que a comunidade converse sobre as situações de risco, o que intimida parte das ações criminosas e diminui a possibilidade de serem vítimas. Mas esse dispositivo não aciona a PM. É preciso que, além de fazer o alerta aos vizinhos, acione o número 190 para que atitudes suspeitas possam ser verificadas‘, destaca.
Segundo o comandante, o aplicativo pode contribuir com a PM através das estatísticas geradas pelos registros feitos pelos usuários. Somados ao banco de dados da corporação, os dados auxiliam a definir estratégias de ação e investimentos para a segurança na cidade.
Como usar o aplicativo?
Atualmente, cerca de mil pessoas, distribuídas em 300 grupos já instalaram o aplicativo criado em Curitiba e que ainda não tem similar no mercado. O uso do serviço não tem custo e pode ser instalado em smartphones e tablets com sistemas operacionais Android e iOS.
O serviço está disponível para toda a cidade e tem a intenção de auxiliar na prevenção de crimes, ao facilitar a criação de redes de contato de segurança nos bairros da cidade. Com o aplicativo, vizinhos podem trocar de maneira direta informações sobre roubos, emergências e atitudes suspeitas na região de forma rápida e simples. O dispositivo permite, no cadastramento de uma nova informação, informar o local, hora e o tipo da ocorrência, além da descrição de suspeitos.
‘Vemos nessa iniciativa uma contribuição para a segurança pública porque incentiva a participação da população, que passa a monitorar e estar mais alerta para evitar pequenos delitos, como furtos, vandalismos, e que isso se converta em acionamento dos agentes de segurança pública, como a Polícia Militar e a Guarda Municipal‘, comenta o coordenador de Assuntos Comunitários da Administração da Regional Pinheirinho, Luciano da Silva Inácio, um dos apoiadores para o início da operação do ViZiN na Região Sul de Curitiba.
300 grupos já foram criados no aplicativo ViZiN para que as pessoas troquem informações sobre a segurança em suas regiões e bairros em Curitiba.
1 mil Pessoas estão ativas no aplicativo. Entre elas, alguns agentes de segurança pública, que acompanham os registros de forma não oficial.