Um tiro. A medula esfacelada. Dois anos de dor, cama e morfina. Foi como vítima de um assalto, há dez anos, que Alexandre Rodrigues, 39 anos, teve a vida completamente transformada. A retomada foi com muito trabalho, que o transformou em microempresário: hoje é dono de duas lojas de produtos de limpeza, uma no Bacacheri e outra no Capão do Imbuia. Ao lado da mulher, Cinthia, e com o sentimento de que entrou para o grupo dos que ganharam uma segunda chance, sonha agora em ajudar outras pessoas.
O recomeço foi em 2008. Adaptou a nova companheira, a cadeira de rodas, para suportar cerca de 40 vassouras. E com ela, saía a vender pelo Capão da Imbuia, de porta em porta, enfrentando as dificuldades de uma cidade que ainda engatinha quanto assunto é acessibilidade. “Esperava mais de hora para pegar um ônibus adaptado, andar pelas ruas e calçadas não é fácil. O que me movia era o sentimento de me sentir sempre muito acolhido por minha mulher, por Deus e de ter tido a chance de seguir orientando meus dois filhos, um de 19 anos, outra de 14”, diz.
Com as vendas, Alexandre abriu uma empresa em seu nome; seguiu trabalhando cerca de nove horas diárias, até que, há três anos, abriu a primeira loja, no Capão da Imbuia. Deixou as ruas, mas não a alta carga de trabalho. “A gente não pode se acomodar, se fizer corpo mole, não consegue nada. Faço mais esforço que o recomendado para um cadeirante”, fala, sobre a rotina de até 11 horas de trabalho.
Além de sustentar a família, ele tem o sonho de, em breve, ter uma chácara para receber pessoas que precisem de reabilitação – moradores de rua ou usuários de droga. “Quero fazer isso com condições de que o projeto seja autossustentável, sem precisar bater na porta de ninguém para pedir ajuda”, conta.
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