Na sede da 3.ª Vara da Infância e da Juventude, no Capão da Imbuia, cerca de 40 adolescentes de 13 a 18 anos, acompanhados por pais ou responsáveis, ouvem a palestra de agente da Guarda Municipal. O tema é a pichação, suas implicações legais e os prejuízos que causa à sociedade. A cena vista na tarde de ontem tem se repetido com frequência em Curitiba. Ouvir o “sermão” do guarda é medida socioeducativa que faz parte da pena aplicada aos menores flagrados riscando os muros da cidade. A partir do ano que vem, a intenção das autoridades é que também sejam obrigados a limpar a sujeira.

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O inspetor Claudio Frederico de Carvalho, diretor da Guarda Municipal, foi o responsável pela palestra do dia. Segundo ele, a iniciativa implantada em 2011 tem dado resultado: a garotada pega com spray na mão quase nunca repete a travessura. “O índice de reincidência entre os adolescentes não passa de 3%. Já entre os adultos, passa de 30%, o que demonstra a necessidade de ampliar essa atividade com eles também”, afirma. Nestes três anos, 348 jovens, quase todos meninos, já assistiram às palestras.

“Para eles, o mais chato não é ser apreendido e pagar multa, mas levar o esfregão na frente dos pais. Essa é a melhor lição de vida que recebem. Muitos pais vêm nos agradecer, por ter alguém de olho neles e cuidando disso”, diz o inspetor. Na palestra, que dura cerca de duas horas, Frederico fala das consequências da infração, tanto para os adolescentes quanto para a sociedade. “A pichação é crime, com pena de três meses a um ano de prisão. Se vocês não fossem menores, poderiam estar na cadeia”, ressalta.

Arrependimento

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Sob anonimato, um dos garotos que participavam da atividade conversou com os Caçadores de Notícias. “Um amigo meu estava pintando quando a guarda apareceu e nos enquadrou. Fomos algemados e colocados na viatura. Eu estava com quatro litros de tinta na mochila, mas ainda não tinha feito nada”, conta. “Entrei nessa de bobo e nem devia estar aqui. Depois disso, nunca mais. Acho que essas palestras funcionam, ajudam bastante a mostrar que é errado e pode ter consequências”, avalia.

Punições mais severas

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Segundo o inspetor Claudio Frederico de Carvalho, as penas contra a pichação devem ficar mais severas a partir do ano que vem. “Projeto está na Câmara de Curitiba para elevar a cobrança de R$ 714,20 para R$ 1.693,84. E também estamos estudando a maneira para podermos sair daqui e ir para as ruas fazer o despiche. Terão que pintar os muros e limpar toda a sujeira feita por eles mesmos ou outros pichadores”, revela. A ampliação do valor das multas para pichadores será votada na sessão de segunda-feira.

As lojas que fornecem tintas para os pichadores também estão sujeitas a sanções.É proibida a venda de material para menores e devem cadastrar todos os compradores maiores de 18 anos. A multa para comerciantes, que hoje é de pouco mais de R$ 1 mil, também deve aumentar, chegando a R$ 4.234,60. Em caso de reincidência, o valor subirá para R$ 8.469,20. O alvará do estabelecimento também pode ser cassado, caso o lojista seja flagrado em terceira ocorrência.