Confeiteiro salva cachorro e ganha fiel companheiro. Por 'Bendler', até ex-namorada ele enfrentou

Foto: André Rodrigues/Arquivo/Tribuna do Paraná/.

Não é novidade para ninguém que o envolvimento entre um cachorro e o homem pode ser muito mais forte do que qualquer laço entre humanos. Sempre fieis, os cães são os melhores amigos e estão dispostos até mesmo a se arriscar para estar perto de seus amigos humanos. Este é o caso de Bendler, um border collie de seis anos, que adotou o estilo de vida do seu companheiro, Paulo Henrique Fedalto. Ambos adoram um passeio de moto.

A dupla mora em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e Bendler chegou na vida de Paulo depois de uma história triste. “Eu sempre quis ter um border collie, mas no caso do Bendler foi diferente. Eu peguei ele de um canil, onde até sofreu maus-tratos. Quando levei para a casa, estava até meio doente, sofreu bastante quando era mais novo”, contou Paulo. Essa amizade que fez com que os dois ficassem cada vez mais próximos.

O homem, que trabalha como confeiteiro, disse que a partir do momento em que começou a cuidar de Bendler, percebeu que o afeto iria muito além da relação entre “dono e animal”. “Cuidei e me apeguei muito a ele. No começo, onde eu ia de carro, ele queria estar junto, por isso sempre o carreguei comigo.Em Campo Largo me conhecem como o ‘piá do cachorro’, porque sempre que eu saio, até em bar e lanchonete, deixam reservado um espaço para mim e para o Bendler”.

A moto adaptada

Paulo disse que sempre teve vontade de comprar uma moto da Harley Davidson, mas se preocupava por não ter como carregar seu melhor amigo. “Depois que comprei a moto, percebi que ele continuava com a vontade de estar comigo. Quando eu subia na moto, ele queria vir também. Foi aí que eu resolvi pesquisar e encontrar uma forma de leva-lo junto, mas em segurança”, explicou.

Pesquisando na internet, Paulo chegou até o sidecar, um dispositivo de uma única roda que é preso a um lado da motocicleta e que pode levar até uma pessoa. “Descobri que era meio restrito, tinha uma burocracia, mas não desisti. Emprestei dinheiro e comprei”, comentou o confeiteiro, dizendo que logo de imediato Bendler entendeu que era para ele. “Fiquei apreensivo no começo, se ele se adaptaria ou não, mas quando ele subiu foi mágico. Parecia que ele já sabia até usar”

Para viajar em segurança, Bendler vai preso a um cinto que o mantem preso ao sidecar. Além disso, para não machucar os olhos do cão, Paulo adaptou um óculos e nem isso Bendler reclamou. “Ele adora, deixa eu colocar tranquilamente e eu nem preciso chama-lo para vir para a moto, ele só me vê indo e já corre atrás. Quando ele se cansa, ele deita e até dorme, mas já percebi que prefere não perder um minuto da paisagem. O que ele quer é adrenalina”.

Ele ou eu?

Foto: André Rodrigues/Arquivo/Tribuna do Paraná/.

Por trabalhar como confeiteiro, os horários de Paulo nem sempre são como os de qualquer outro profissional. “Tenho horários bem puxados, com poucos períodos de folga, mas sempre que eu estou em casa, o que eu busco é estar com ele. Claro que o passeio sempre é de um jeito diferente, porque chama a atenção, mas é visível que ele gosta muito”.

Paulo contou à Tribuna que já foi casado, mas o relacionamento acabou e a culpa foi de quem? “Do Bendler. Minha ex-mulher dizia que eu gostava mais do cachorro do que dela e meio que quis que eu escolhesse entre os dois. Me separei”, disse ele, contando ainda que agora está namorando uma protetora de animais. “Encontrei alguém que entende e aprova a minha paixão pelo cão”. Estar com Bendler, para o amigo humano, é um presente. “Digo que eu não sou digno de dizer que sou ‘dono dele’, melhor dizer que sou um amigo dele. O que para muitos pode ser uma loucura, para mim é o que mais me faz feliz. Porque eu sei que ele não vai viver a vida inteira comigo, então quero valorizar o amor que ele tem por mim para nunca me arrepender de ter feito tudo por ele”.

Mesmo tendo perdido paixões e até sofrido com olhares tortos de quem não entende a amizade entre os dois, Paulo comentou que encontrou no cão a melhor companhia. “Quero pensar, quando ele se for, que eu fui o melhor amigo dele, como ele é para mim. O que eu busco é retribuir a amizade. O amor que ele me passa, a companhia, é uma conexão que só eu sei explicar. Quando a gente tá junto é uma sensação inexplicável, um conforto para mim”.

Ajuda em dupla

Os dois, que acabaram juntos criando um estilo de vida, não ficam só nos passeios de moto para chamar a atenção não. Paulo tem aproveitado a visibilidade que a amizade com o cão lhe deu para duas ações principais: abrir a mente das pessoas e ajudar a causa animal. “Aos poucos tenho conseguido mudar um pouco a cabeça do povo de Campo Largo, pois não existem muitos lugares que aceitam cachorros como companhia. Além disso, tenho feito pequenas ações para conseguir ajudar a causa animal e a minha ideia é que a prefeitura comece a participar mais disso também”.

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