A solidariedade tem no Campo Comprido um dos principais endereços em Curitiba: o Pequeno Cotolengo, que neste mês de março completa 50 anos de fundação. O trabalho da instituição ganhou a capa da última Tribuna Regional Santa Felicidade. O local atualmente abriga 208 pessoas portadoras de múltiplas deficiências (mental e física) e tem como missão propiciar qualidade de vida e a inclusão dos seus atendidos. E esse objetivo é o que norteia os próximos 50 anos.
O padre Renaldo Amauri Lopes, 46 anos, 27 deles na Congregação São Luís Orione (mantenedora da entidade), está há um mês à frente da instituição e entende a dimensão dessa responsabilidade. “A limitação deles não deve excluí-los do meio social, pois , só que eles produzem em outro ritmo. Nossos eventos não só visam a arrecadação de recursos para a instituição, mas também promovem essa aproximação com toda a sociedade”, diz o padre.
Ele explica que a origem do Pequeno Cotolengo se deu na Itália, por iniciativa do padre que dá nome à congregação, São Luís Orione. “Ele começou a cuidar dos mutilados de guerra na Itália e disso surgiu o Pequeno Cotolengo, com foco em atender as pessoas mais carentes e com múltiplas deficiências”, resume.
O nome é em homenagem a outro padre beatificado e contemporâneo de Orione, o Padre José Benedito Cotolengo. No total, são seis instituições como essa, sendo que a unidade do Campo Comprido é a maior do Brasil em termos de número de acolhidos e a segunda mais antiga, perdendo apenas para a de São Paulo (SP).
Sem lugar pra indiferença
Embora o Pequeno Cotolengo Paranaense esteja localizado em uma área de 120 mil metros quadrados, dos quais 15 mil são de área construída, o número de internos permanece na faixa de 200, porque o foco é garantir um atendimento de ponta para que eles evoluam ao máximo dentro dos seus quadros. Tanto que no espaço existe uma escola especial e diversas unidades, como a de produção de pão, fraldas, lavanderia, costura e para a realização de terapias consagradas, como equoterapia (com o uso de cavalos). “Alguns deles conseguem participar até mesmo da produção de pão. Isso varia conforme a melhora e o tipo de deficiência de cada um”, explica o padre.
A professora de língua portuguesa Edna Aita, 42 anos, há sete anos optou por ser professora da educação especial. “Tive a oportunidade de lecionar para as turmas regulares e especiais, mas me identifiquei mais com eles. A evolução é mais lenta, demora para criar vínculos, porém, eles são muito mais verdadeiros, tudo tem muito significado e aqui não há indiferença”, ressalta.
Batalhão contra o abandono
Cerca de 70% dos internos foram abandonados pela família ou são provenientes de situações de risco e permanecem na instituição até o final da vida. “Ainda temos moradores do primeiro grupo de 18 pessoas que inaugurou o espaço”, informa o padre Renaldo. Por dia o Pequeno Cotolengo recebe uma média de dez novos pedidos por uma vaga. Mas o ingresso na instituição só se dá via pedido judicial e após uma triagem feita pela equipe formada por assistentes sociais e psicólogos. “Precisamos desse controle para conseguir atender quem mais necessita, os mais carentes e com maior gravidade de deficiência”, explica.
Para lidar diretamente com os acolhidos, existe uma equipe de 300 profissionais de diversas áreas da saúde (com 13 especialidades), administrativo, etc. Os voluntários somam mais de 600 pessoas que passam pela instituição por mês, participando da organização dos eventos e de atividades como costura e produção de pães. Também existe uma triagem para verificar o perfil e direcionar cada pessoa para a função que melhor aproveite suas aptidões. Para ser voluntário no Pequeno Cotolengo é preciso entrar em contato: (41) 3314-1900 ou contato@pequenocotolengo.org.br.
https://www.youtube.com/watch?v=tFG6dhO2TZ4&
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