Moradores de Campina Grande do Sul, próximo à barragem da represa do Capivari, estão sofrendo com as precárias condições da infraestrutura da região. Além da péssima condição de boa parte das ruas, a falta de iluminação também prejudica a segurança de quem circula pelo local. O soldador José Lemes, 35 anos, conta que a situação se repete há mais de dez anos e os moradores já cansaram de pedir assistência da prefeitura. “Eles arrumam até uma parte e depois param porque dizem que as máquinas não passam no local. Mas a situação é muito perigosa e difícil para todos os que vivem aqui”, diz José, que mora com a esposa grávida e mais dois filhos, de 9 e 11 anos.
Daiane Cristina de Souza, esposa de José, está grávida de sete meses e já destroncou o tornozelo ao escorregar e cair nas pedras da rua. “Estamos abandonados e com a chuva a situação só piora, porque as pedras ficam escorregadias. Nenhum carro passa aqui e temos que subir e descer essa rua a pé várias vezes por dia, muitas vezes até carregando peso ou compras. Pior ainda é se alguém precisa ir ao médico, porque precisa descer até a entrada da BR-116”, lamenta Daiane, que há cerca de um mês precisou carregar o marido passando mal do coração com a ajuda da filha, Laura Cristina, de 9 anos, até a rodovia.
Sem assistência de ambulâncias que demoram e não sobem até as casas, Daiane contou com a ajuda de um vizinho para levar o marido até o posto do pedágio. “Nós não temos o mínimo. Nem lixeiro e carteiro passam aqui. Temos que juntar todo o lixo dos moradores e levar até o único cesto que fica na beira da rodovia. Sem contar a quantidade de vezes que pagamos contas com atraso porque as cartas são entregues no posto de saúde”, diz Daiane.
Ela ainda conta sua preocupação para quando tiver o bebê. “Vou fazer cesária e não vou ter condições de ficar subindo e descendo essa rua com a criança recém-nascida. Vou precisar ficar na casa de parentes por um tempo. Aqui na minha própria casa não dá”, desabafa.
O problema é sério e a falta de infraestrutura ameaça a vida de muitos moradores e dificulta o dia a dia de todos os que vivem ali. A filha de 2 anos de Marina Kirst de Oliveira, 32 anos, quase morreu atropelada por uma moto que tentava subir a ladeira em alta velocidade. “Temos muitas crianças e está ficando muito perigoso”, comenta Marina.
É o caso de Laura, filha de Daiane e José. Com apenas 9 anos, ela já sofre com o abandono da rua onde mora e reclama que não pode brincar ou andar de bicicleta. Além disso, com as chuvas as condições só pioram e as crianças chegam a perder aula porque não conseguem sair de casa.
Mas graças a união dos moradores a rua não está ainda pior. “Os vizinhos se juntaram para conseguir arrumar um pouco o que temos aqui. Pagamos todas as nossas contas em dia e não temos as mínimas condições. É um risco para todos. A solução seria asfaltar, mas fomos abandonados pelas autoridades, que só aparecem em época de eleição”, lamenta José.
A situação dos moradores da rua sem nome, conhecida como Rua da Paulina, é um caso de urgência. A prefeitura de Campina Grande do Sul foi procurada pela Tribuna, mas não deu qualquer retorno até o fechamento desta edição.