Um dos espaços culturais mais antigos de Curitiba registrou uma marca negativa em 2014. A Casa de Leitura Franco Giglio, localizada na Rua Jerônimo Durski, no bairro Campina do Siqueira, completou seu terceiro ano fechada. O local, que durante quase três décadas foi o ponto de encontro de crianças vidradas em literatura, teve seu funcionamento interrompido para uma reforma devido a um problema com cupins, em 2011. No entanto, as melhorias não foram feitas e o espaço continua fechado.
Fundada em outubro 1982, a casa de leitura foi aberta para incentivar o acesso à leitura às crianças da região do Campina do Siqueira. O espaço, que recebeu o nome do artista plástico italiano radicado em Curitiba, foi doado pela viúva do artista, Rose Giglio. Para quem cresceu frequentando a biblioteca, ver o local às moscas é uma cena dura de testemunhar.
A psicóloga Cláudia Serathiuk frequentou a Casa de Leitura Franco Giglio durante toda a década de 1980. Ela conta que o espaço era uma verdadeira área de lazer para as crianças do bairro. “Passava férias na biblioteca. Tinham várias atividades além da leitura, como aulas flauta e prática de jogos. Também havia leitura de contos. Era uma verdadeira referência para todas as crianças e um lugar que associava leitura à diversão”, lembra.
Claudia conta que abriu uma livraria por influência direta dos dias em que viveu na casa de leitura. “Durante cinco anos fui proprietária de um estabelecimento que tinha a casa de leitura como referência. Eu não apenas vendia livros, eu promovia diversas atividades dentro da livraria para tentar criar um ambiente parecido com o que eu vivi na biblioteca”, explica.
Moradora há 30 anos da Rua Jerônimo Durski, Chirlei Castellan conta que o espaço era muito bem utilizado pelas crianças no passado. “Meus filhos frequentaram vários anos a Casa de Leitura. Passavam o dia lendo, jogando xadrez”, diz. Com o local fechado, ela se queixa, pois os netos de 11 e 14 anos não têm a mesma oportunidade. “Eles passam muito tempo em casa no computador. A aprendizagem não é mesma”, finaliza.
Atualmente, Chirlei trabalha na panificadora que fica ao lado da Casa de Leitura, que em virtude do abandono, virou lar de um morador de rua que montou uma pequena cabana em frente ao local. “O rapaz está há cinco meses aí. Ajudamos com roupa e comida todos os dias, mas o mau cheiro afasta a clientela”, explica Rosiane Alves Teixeira, também funcionária da padaria.
Em nota, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) diz que a Casa da Leitura Franco Giglio está em processo final para reconhecimento da inscrição do imóvel. Desde o início de suas atividades como biblioteca, em 1982, o espaço funcionava sem registro. Isto impossibilitou as reformas necessárias.
A FCC lamentou o atraso na reabertura e informou que a Procuradoria do órgão, juntamente com a Secretaria Municipal do Urbanismo, trabalham para que a reforma possa ser incluída no orçamento de 2015 e que o espaço volte a atender a população no ano que vem.
Atualmente o acervo do local está distribuído em outras Casas de Leitura pela cidade e no arquivo do Palacete Wolf, também administrado pela FCC.
https://www.youtube.com/watch?v=0Rj-fsOsqkc&
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Colaborou: Brunno Brugnolo