Robôs que resolvem

Foto: Felipe Rosa.

A condição para entrar na equipe de robótica da Escola Municipal Prefeito Omar Sabbag, no Cajuru, é ter boas notas. Ser bom nas quatro operações básicas de Matemática ajuda. Falando assim, parece um grupinho para nerds. Mas não: para chegarem ao modelo final de cada robô, precisam de muita criatividade, conversa, trabalho em equipe e olhar para o futuro.

A Cyber Rex é formada hoje por oito alunos com média de 13 anos e, com muita pesquisa, já soma prêmios em competições de robótica e trabalhos sociais. O grupo tem a orientação da professora de Artes, técnica e mentora da equipe, Liz Cavalcante, e tem em seus projetos o objetivo de solucionar problemas da sociedade que vivem.

Estudantes criaram um robô que ajuda os autistas.  Foto: Felipe Rosa.
Estudantes criaram um robô que ajuda os autistas. Foto: Felipe Rosa.

Para tanto, precisam sair constantemente do laboratório e conviver com pessoas de diferentes perfis, em situações inimagináveis dentro do ambiente da sala de aula, nas pesquisas feitas no contraturno escolar.

Última criação

Assim surgiu o Teabot, o mais novo robô desenvolvido pela equipe para a disputa do First Lego League (FLL), o maior torneio de robótica para jovens com idade entre 9 e 15 anos. O carismático robozinho surgiu da regra da competição, que pedia a criação de soluções para dificuldades de aprendizagem. A Cyber Rex decidiu que poderiam criar um robô que auxiliasse crianças com autismo. Visitaram entidades para meninos e meninas autistas, pesquisaram outros robôs pelo mundo desenvolvidos com o mesmo objetivo e assim chegaram ao Teabot.

Construído com esqueleto de Lego e dispositivos eletrônicos e um sensor que é ativado ao toque do corpo, o robô fecha os braços, num abraço. “Na escola, tínhamos uma colega com autismo. Por isso decidimos pesquisar essa área. Descobrimos que os autistas têm dificuldades em manter contato físico e o robô pode facilitar isso. Ele tem um suporte para um tablet, para a criança pode fazer atividades”, conta Juan Gabriel Cardoso Ferreira, 13 anos. Com o Teabot, a equipe venceu a etapa regional do FLL e foi para a etapa nacional, em Brasília.

Ciência multidisciplinar

A função principal da equipe de robótica na escola é enriquecer a aprendizagem em sala de aula. Matemática e Física são as disciplinas mais diretamente requisitadas, mas outras habilidades são usadas. “Quando entrei no projeto, achei que iríamos só construir robôs, mas é o que menos fazemos. Passamos muito tempo pesquisando, escrevendo os projetos. Entramos em contato com profissionais de diferentes áreas, como psicólogos, pedagogos, visitamos hospitais, asilos”, conta Aleísa Hubner, 13 anos.

Robô tem espaço para tablet e ajuda pessoas autistas. Foto: Felipe Rosa.
Robô tem espaço para colocar tablet e ajuda pessoas autistas. Foto: Felipe Rosa.

A experiência já faz alguns pensarem em atuar como engenheiros mecatrônicos no futuro, como Felipe Rodrigues e Benjamim Oliveira, 13 anos. Eles aproveitam as viagens e gostam de competir, mas encaram como parte do processo. “Os campeonatos são muito diferentes de uma competição tradicional. As equipes se ajudam, fazemos amigos e isso também é importante”, fala Yasmim de Oliveira Gonçalves, 13 anos.

De robôs “atletas” a “salva-vidas”

Cada um dos robôs criados pela Cyber Rex nasce com funções específicas. E alguns pela simplicidade e eficiência. Feitos com peças de Lego ­ a empresa de brinquedo de peças de montar tem uma linha de kits voltados para a educação tecnológica, com peças de plástico, eixos, polias, engrenagens, sensores e um processador programável -, alguns têm por missão competir em torneios específicos em que terão de transpor, da maneira mais eficiente, circuitos de rampas e obstáculos.

Foto: Felipe Rosa.
Foto: Felipe Rosa.

Outros, porém, nem cara de robôs têm, mas são soluções para questões urbanas, como o sensor de enchentes. “Professores da UFPR conheceram esse projeto e se interessaram. Disseram que não haviam pensado em algo tão eficiente e simples”, conta a professora, sobre o dispositivo que registra quando a água da chuva atinge um nível de risco. “O equipamento dispara um alarme e uma mensagem de texto para a Defesa Civil e para um morador”, conta Aleísa.

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