Após percorrerem 100.581 quilômetros em um triciclo artesanal que passou por 19 países das três Américas durante dois anos e um mês, os motociclistas Vilmar Pereira de Lara, 55 anos, e Cezar Fabiano Alves de Araújo, 36 anos, retornaram a Curitiba. Mais conhecidos pelos apelidos “Cicatriz‘ e ‘Tigrão‘, os integrantes do Motoclube Dragões da Noite, no Cajuru, concluíram com sucesso a viagem do projeto “Só Deus Sabe”, noticiado pela Tribuna antes da partida.

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“Saímos dia 15 de julho de 2013 e voltamos no dia 17 de agosto deste ano e garanto: a viagem valeu cada centavo que gastamos por conta da irmandade que constatamos entre os motociclistas das três Américas”, afirma Vilmar. Ele, que planejou a viagem desde que se aposentou do Corpo de Bombeiros, há dez anos, diz que mesmo longe, a esposa Rosane se fez presente.

“Não é uma viagem fácil. Os primeiros 50 mil quilômetros você faz empolgado, aguenta até 70 mil quilômetros, depois cada cem quilômetros a mais bate uma vontade de desistir. O cansaço e a saudade tomam conta. No retorno pela Costa Rica quase larguei, mas sempre que falei com a Rosane ela insistiu, dizendo: vá, consiga sua meta”, descreve.

Perigos

Dupla saiu no dia 15 de julho de 2013 e voltaram no dia 17 de agosto deste ano. Foto: Gerson Klaina.
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Os desafios do trajeto não pouparam a dupla, que usou navio, avião e balsas nas travessias entre as Américas. Por terra, colecionaram estragos no motor e na roda do triciclo. No Panamá, salvaram pessoas de um carro que pegou fogo. A dupla enfrentou temperaturas de 18 graus negativos nas Cordilheiras dos Andes ao implacável calor do deserto no Texas.

“Nos perdemos em uma das vezes que o triciclo estragou, porque nos guincharam enquanto o Tigrão foi a pé buscar ajuda, aí a tristeza tomou conta”, recorda Vilmar. “Além de poder morrer por conta dos quilômetros que caminhei sem água e comida no deserto, ainda poderia ter sido atacado por um coiote ou uma serpente que, segundo os policiais, costumam cruzar a estrada durante o dia”, conta Cezar.

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Particularidades

Vilmar quase desistiu da viagem. Foto: Gerson Klaina.

Segundo a dupla, em cada lugar encontraram beleza. “Não dá para eleger, porque cada região tem a sua peculiaridade que vale a pena conhecer”, comenta Vilmar. Cezar, que é músico e produtor, também conseguiu ampliar os conhecimentos sobre a música de diferentes povos e fazer alguns shows. “Deu para pôr em prática o projeto Som das Américas e pretendo voltar lá em turnê”, avisa. No Chile, um dos instrumentos que chamaram sua atenção foi o charango, que antigamente era feito do casco do tatu.

Rumo ao Guinness

A viagem foi toda documentada e registrada pela dupla, que vai encaminhar ao Rank Brasil e ao Guinness o reconhecimento do recorde de maior percurso percorrido em triciclo artesanal. Além disso, pretendem lançar livro e documentário sobre a viagem. No site www.projetosodeussabe.org é possível observar uma parte do material. E se depender da determinação dos dois aventureiros, no futuro um novo projeto, desta vez para Europa e África, ainda será realizado por eles.

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