A casa tem três banheiros, mas por causa do problema, somente um está sendo utilizado. “É um total descaso da Sanepar. A gente liga, pede para virem arrumar, eles falam que é por causa da chuva, mandam uma equipe para fazer limpeza e não resolvem nada. Limpar a gente mesmo limpa, queremos é que resolvam”, protesta.
Seus dois filhos pequenos, de cinco anos, passaram a última semana se recuperando de viroses contraídas por causa do contato com fezes, conta Rosângela. Cansada de esperar, ela contratou um pedreiro para fazer uma obra em um dos banheiros. “Ele largou tudo quebrado e foi embora, porque disse que se recusava a trabalhar nesse fedor”.
Nem lavar louça com tranquilidade ela pode. A todo o momento tem de desligar a torneira, ou a caixa de gordura começa a “vomitar” os dejetos. “O problema independe da chuva. Mesmo quando está seco, o esgoto volta pelos ralos. Nós estamos sofrendo, meus meninos estão desidratados, com vômito, diarreia”, desabafa.
Desculpas
Segundo Rosângela, pelo menos quatro vizinhos sofrem com o problema. O esgoto da rua invade a casa da aposentada Clener Luiza dos Santos Souza, 61, desde dezembro. “Toda vez que chove alaga tudo. A gente reclama, eles vêm aqui e falam que não podem fazer nada por causa da chuva”, conta.
A água malcheirosa cheia de dejetos está estragando os móveis. O fogão enferrujou, uma cômoda do quarto teve de ser jogada fora e a madeira da pia está apodrecendo. “Da última vez, a Sanepar disse que é pra gente comprar uma válvula de retenção porque é barata, custa só R$ 50. Isso não é serviço meu, é deles. Eu pago taxa de esgoto”, revolta-se.
Ligações irregulares
De acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a limpeza da rede de esgoto do local já está sendo feita e serão enviadas equipes técnicas para diagnosticar o problema. A Sanepar afirma que o mau uso da rede pela população causa o entupimento. Em 10% das residências do bairro foram identificadas ligações irregulares, tanto de esgoto ligado na rede pluvial quanto de água da chuva ligada na rede de esgoto. Os moradores não devem jogar nenhum tipo de objeto (como escova de dente, embalagens plásticas, lixo) pelo vaso sanitário. O órgão informou que foi um funcionário terceirizado da equipe de limpeza que orientou os moradores a comprarem a válvula de retenção por conta, e que essa recomendação não é protocolo da Sanepar.