Nas Moradias Cajuru, no bairro de mesmo nome em Curitiba, tem uma garotada que incomoda muito moradores e comerciantes. Desocupados, passam o dia em grupos pelas esquinas do bairro, ou sentados nas frentes de alguns comércios espantando clientes, usando e passando drogas, fazendo bagunça, alguns até roubando transeuntes e objetos das lojas. A reclamação vem da própria população local, que já nem sabe mais o que resolveria o problema, se mais polícia andando no bairro ou se alguma ação social efetiva que desse um freio na vagabundagem.

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Nenhum dos entrevistados quis se identificar. Um comerciante contou que casa nenhuma pode ficar vazia ou fechada por muitos dias no bairro. Segundo ele, é certeza que desocupados vão invadir para transformar o local num mocó de uso de drogas ou vão levar tudo de valor que tiver lá dentro. É o caso de um rapaz de 29 anos, que estava reformando a casa para morar com a família, mas teve que ocupar o local às pressas, antes de terminar a reforma, para que não fosse invadido de novo. ‘Tem um sobrado ali num condomínio, o dono passou três dias fora e, quando chegou, estava limpo. Levaram tudo‘, conta.

Intimidação

‘Eles nem deixam a gente instalar câmeras de segurança. Vêm reclamar que se instalarmos, vai filmar a venda de drogas e atrapalhar. Também não dá pra ficar dando mole no ponto de ônibus de manhã, que eles levam o celular. Roubam bicicleta, dinheiro e até carro. De madrugada, a gente escuta a gurizada dando ‘cavalo de pau’ aí na rua. Quando vamos ver, é carro que acabaram de roubar‘, lamenta um comerciante.

‘Difícil criar família aqui no bairro‘, comenta outro comerciante, que fica de olho nos filhos o tempo todo, com medo que se envolvam com os jovens desocupados da região. Ele já até pensou em colocar grades em seu comércio e atender pela grade. Mas desistiu, não só pelo medo de perder ainda mais clientela, mas por achar que, se chegar a hora de morrer, não haverá grade que o proteja de uma bala de revólver. ‘Também não adianta ter arma. Não dá nem tempo de reagir‘, constata o homem, que já foi assaltado algumas vezes e teve armas para tentar se defender, mas vendeu todas por ver que não tinham utilidade.

Solução

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Os moradores da região não sabem qual seria a solução ideal para acabar com o problema. A maioria acha que uma presença maior da polícia dispersaria os jovens e traria mais sossego. Existem várias ONGs e projetos no bairro, que possuem o objetivo de dar uma ocupação às crianças e jovens e mantê-los longe das encrencas da rua. Mas vários entrevistados disseram à Tribuna que, o que falta mesmo, é o interesse dos próprios jovens em participar dos projetos, que são muito bons.

‘Tem uma professora de capoeira que faz um trabalho muito bonito e está empolgada. Mas as crianças que ela atende sequer têm o incentivo dos próprios pais. O problema dessa juventude aí é a educação de berço. Não saem dessa vida porque não querem, porque já vêm de famílias metidas com o que não presta. Tem uns irmãos aí, que um saiu da cadeia faz 10 meses e com 36 anos já tem 30 tiros no corpo. Outro está preso, o outro saiu recente da cadeia. Quem vai incentivar eles a seguirem pelo caminho certo? Envolver-se com drogas e roubos só dá em morte. Mais de 20% da gurizada que cresceu comigo aqui no bairro já morreu assassinada‘, pondera um morador.

Prevenção

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A Polícia Militar (PM) informa que atende a comunidade do Cajuru com a Unidade Paraná Seguro (UPS) instalada na Rua Trindade, 1711, na Vila Trindade. Esporadicamente, realiza no bairro a UPS Cidadania, feira de serviços gratuitos, como corte de cabelo, regularização de água e luz e emissão de carteiras de identidade. De acordo com a corporação, os jovens e adolescentes são atendidos com o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), coordenado pela Patrulha Escolar. Com banda de música e palestras, estudantes de até 17 anos e pais de alunos são orientados sobre o combate às drogas.

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