Há trinta anos, Noel Lúcio descobriu que possuía o dom de consertar instrumentos de sopro em sua oficina, no bairro Cajuru. Aficionado pela música e pela sonoridade dos saxofones, Noel, de 70 anos, passou a se dedicar a aprender e desenvolver novas técnicas que pudessem tornar um instrumento avariado em novo. Sua história foi o destaque da última edição da Tribuna Regional Cajuru.

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Com maçaricos e furadeiras, Noel Lúcio deixa saxofones, clarinetes e outras “cornetas” prontos para novas sinfonias. Foto: Aliocha Maurício

Tradicionalmente, o nome dado ao reparador de instrumentos de cordas é luthier. Noel conta que trabalha como uma espécie de luthier, porém ao lado de maçaricos e furadeiras para restaurar os instrumentos metálicos de sopro. “Durante quinze anos toquei um saxofone que estava desafinado. Na primeira vez em que me arrisquei em tentar concerta-lo não deu certo. Já na segunda tentativa tive mais sorte”, explica Noel.

Após essa iniciativa ele nunca mais deixou de lidar com os metálicos instrumentos de sopro. “Depois que vi que levava jeito, fiz um curso na fábrica de instrumentos da Weril. Também visitei muitas oficinas pelo Brasil”, conta. O reparador conta ser muito difícil encontrar pessoas que realizam este tipo de reparo. De acordo com o Noel, em Curitiba existem cerca de cinco oficinas, das quais ainda terceirizam muitos serviços para São Paulo. “Não há muitas pessoas que fazem este serviço, e os que existem, são como eu, já estão ficando velhos”, desabafa o reparador.

Andando pela oficina de Noel é fácil perceber que dificilmente seria possível encontrar outras com está por aí. Isso porque muitas ferramentas ele mesmo fabricou. “Alguns equipamentos peguei a ideia na internet e adaptei. Existem reparos, simples de fazer, que tomariam muito tempo, pois teria que desmontar o instrumento inteiro, sendo que apenas uma ferramenta feita sob medida já resolve”, explica. Por semana, Noel chega a pegar seis instrumentos. Com prazo curto, ele diz que suas ferramentas são indispensáveis. “Hoje mesmo peguei um saxofone pra entregar daqui a dois dias. Às vezes temos que soldar, lixar, polir e afinar até que fique perfeito. Até mesmo por isso prefiro ter quatro furadeiras pra nem ter que ficar trocando as broca”, explica Noel.

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Além de consertar saxofones, Noel também toca toda semana em sua igreja. Mas para ele, o seu verdadeiro dom é reparar os instrumentos. “Sempre toco em casa e na igreja, mas não sou músico. O meu negócio é conserto com ‘s’ e não concerto com ‘c’”, brinca Noel. Com a internet, o aposentado, que fez do conserto seu hobby, Noel diz atender músicos de variadas regiões. “Na minha oficina já entraram instrumentos de todo país e até de fora. Tenho saxofones e clarinetes que vieram desde Paris ao Acre”, afirma.

Serviço

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Oficina de Instrumentos Musicais
Rua Pedro Violani, Cajuru – 628.
Atendimento das 9h às 18h.
Fones: (41) 3226-1947, 8454-0815, 9166-1852

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