Cachoeira

Cachoeira de problemas

Acostumada a conviver com o problema trazido pelas chuvas, a moradora do Cachoeira Silmara Rodrigues assistiu no começo de 2015 o muro de sua casa ceder para água e viu o rio engolir metade do terreno onde vive há 21 anos. Após conseguir a propriedade através da Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) em um dos bairros mais afetados pelas chuvas fortes, Silmara teve recentemente a casa interditada pela Defesa Civil.

De acordo com a moradora, há situação passou a ser complicada há 10 anos. “A região cresceu muito nos últimos anos e muitas pessoas começaram a ocupar irregularmente os terrenos. Apesar de nossa casa ficar ao lado de um pequeno córrego, nunca tivemos problemas com enchentes. Mas desde 2010, se chover por mais de dois dias ficamos em alerta”, explica.

Silmara: Se chover por mais de dois dias ficamos em alerta. Foto: Felipe Rosa.

Localizada em uma das regiões mais baixas do Cachoeira, a Rua Engenheiro Francisco Xavier Driesel reúne em poucos metros o drama causado pelas enchentes. “Nossa vizinha, que possui uma panificadora. perde toda sua mercadoria quando chove. Minha filha morava numa casa no fundo deste terreno. Depois da enchente. ela e meus netos dividem o teto comigo e meus dois outros filhos. Apesar da casa ter sido interditada, estamos vivendo aqui, pois aonde mais eu iria?”, questiona.

O medo de quem não tem opção para onde ir e permanece na região apenas cresce com o passar dos anos. “Vivo preocupada, pois já teve caso de morte de um senhor que tentava resgatar o cachorro que estava na rua e foi levado pela água. Eu mesma já peguei duas vezes leptospirose. Estamos sobrevivendo por aqui”, afirma.

Para casos como de Silmara, em que se trata de terreno regular, a Fundação de Assistência Social (FAS) oferece abrigo até a pessoa se restabelecer. Cabe à Defesa Civil dar ciência ao proprietário do imóvel sobre a precariedade e os riscos de viver no local. Segundo a prefeitura, no caso de Silmara, apesar do imóvel apresentar situação de risco, ele é um caso isolado e não está localizado em área de risco, que é atendido Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab).

Ações preventivas

Foto: Felipe Rosa.
População fica preocupada com as principais doenças causadas pela enchentes, como Leptospirose. Foto: Felipe Rosa.

Nos últimos anos, Curitiba sofreu com enchentes e inundações em diferentes regiões. Mesmo com a forte característica de possuir parques que ajudam a conter o volume de água nos logos artificiais, novas medidas passaram a ser cobradas pelos moradores das regiões mais afetadas. De acordo com a prefeitura, as ações para prevenir alagamentos e desastres em toda cidade foram intensificadas através do monitoramento da quantidade de água da chuva por uma rede de pluviômetros, que medem o nível de precipitação.

“Temos feito diversos trabalhos para reduzir o impacto que o cidadão possa ter através de um trabalho coordenado. É importante destacar que quando falamos de fenômenos naturais, não há como ter um controle total para evitar que não haja nenhum afetado. Mas o que estamos fazendo é monitorar a intensidade das chuvas, principalmente em regiões costumeiramente afetadas, assim também conseguimos a informação de que nível devem estar nossos reservatórios para que eles consigam receber este volume em caso de chuvas torrenciais”, explica o secretário do meio ambiente, Renato Eugênio de Lima.

Foto: Felipe Rosa.
Foto: Felipe Rosa.

As informações registradas 24 horas por dia ficam disponíveis para consulta dos órgãos municipais – Secretaria do Meio Ambiente e Defesa Civil. De acordo com os equipamentos instalados em Curitiba, os últimos temporais foram mais fortes na região norte da capital, sendo o bairro Cachoeira o mais afetado pelas chuvas (61 mm), seguido do Boa Vista (56 mm), quando a média de precipitação para o mês inteiro era de apenas 99 mm.

Para o secretário, as ações têm surtido efeito. “Neste mês de julho tivemos uma chuva acima do normal, mas não fomos surpreendidos, pois estávamos de olho. Não tivemos nenhum caso, nenhuma chamada durante este último episódio. Outra ação importante para esse quadro foi por em prática projetos que preservem e resgatam a vegetação ciliar”, argumenta.

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Samuel Bittencourt

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