Pelé curitibano

O artilheiro absoluto do bairro Butiatuvinha afirma ter quase igualado a marca de Pelé. Apenas um gol separa o curitibano Milton Valentino Bosa, 67 anos, do ídolo Edson Arantes do Nascimento. Conforme a contagem, feita pela Tribuna até os anos 70 e mantida por Milton até 2013, quando encerrou a carreira, foram 1.284 vezes balançando a rede, contra os 1.285 gols marcados pelo Rei do Futebol.

Pendurar as chuteiras mais tarde pode ter dado vantagem. Mas, segundo Milton, o detalhe é de pouca importância. ‘Se pudesse, ainda estaria jogando‘, declara. Foram 48 anos encarando partidas nos gramados, quadras de areia e futsal. Somente duas cirurgias na coluna vertebral conseguiram tirá-lo de campo.

‘Em 2005, fiquei meses afastado, até me recuperar da operação em que colocaram seis pinos nas minhas costas. Em 2013, teve nova cirurgia e mais seis pinos, então fui obrigado a parar. Carreguei muito peso quando era jovem‘, lamenta.

Milton fez mais de 1000 gols em 48 anos de carreira. Foto: Felipe Rosa.
Milton fez mais de 1000 gols em 48 anos de carreira. Foto: Felipe Rosa.

Neto de imigrantes italianos, sempre viveu na região de Santa Felicidade, onde montou duas vidraçarias. Jogou pelos dois times do bairro: Iguaçu e Trieste. ‘Uma vez briguei com o treinador do Iguaçu. No ano seguinte fui campeão pelo Trieste‘, relembra. Quase foi jogador profissional. ‘Em 1966, me convidaram para jogar no Coxa, mas o salário era metade do que eu ganhava no comércio‘. Diz que não se arrepende da escolha.

Milton disputou o Campeonato Amador até os anos 80. Depois permaneceu nas partidas entre times de empresas e amigos. Afastado dos jogos há quase um ano, bater bola só de vez em quando com o neto Diego, de 11 anos. ‘Se ele puxar a categoria do pai e a força do nono, será jogador profissional‘, garantiu, enquanto arriscava embaixadinhas, exibindo sua intimidade com a redonda.

Presente do Rei

Santista desde os 13 anos, quando ouviu pelo rádio o Santos ser campeão brasileiro, Milton é grande fã de Pelé. Ano passado, enviou um DVD ao Rei, mostrando sua trajetória de artilheiro do Campeonato Amador e informou ter contabilizado apenas um gol a menos que a majestade. Cerca de 30 dias depois, Pelé retornou a carta, enviando para Milton uma camisa do Santos, autografada. Os gols marcados por Milton entre 1966 e 1973 foram registrados pelo jornalista da Tribuna Levi Mulford, um dos principais historiadores de futebol no Paraná. Depois, Milton passou a documentar os gols por conta própria.

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