Olha o escorpião!

Foto: Felipe Rosa

“Uma picada de abelha multiplicada por 10”. É dessa forma que Cleitiane da Silva Monteiro, 32, descreve o que sentiu ao ser picada por um escorpião. O fato ocorreu no domingo, por volta das 20h, no Botiatuvinha, onde mora a vendedora. “Estávamos eu e meu marido saindo de casa e conversando tranquilamente. Ao fechar o portão senti a ferroada e uma dor intensa. Imediatamente meu pé esquerdo inchou e a perna toda começou a formigar”, lembrou.

Assustado, o marido de Cleitiane a levou imediatamente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, onde ela recebeu uma injeção intramuscular para alívio da dor e combate ao veneno do aracnídeo. Da UPA, a vendedora teve de ser levada ao Hospital Evangélico, no Bigorrilho, para administração intravenosa de medicamentos antiiflmatórios, analgésicos e soro antiescorpiônico.

Mesmo adotando todas as recomendações indicadas em casos como esse, Cleitiane não se livrou dos efeitos do veneno que veio algumas horas depois. “Senti um formigamento pelo corpo todo e meu coração acelerou desenfreadamente. Fiquei imaginando o efeito dessa mesma quantidade de veneno no corpo de um criança, por exemplo. É terrível”, afirmou.

O caso é raro, mas não isolado. Segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, em 2017 foram registrados 5 casos envolvendo escorpiões na capital. Ainda segundo o órgão, 10 solicitações de orientações sobre o assunto foram feitas, o que resultou na captura de 4 escorpiões por meio da Unidade de Vigilância em Zoonoses. Para os moradores do Botiatuvinha, no entanto, os encontros indesejados com os escorpiões têm sido mais frequentes do que se imagina.

Quem mora perto de terrenos baldios já se acostumou a encontrar os bichos pelos cantos dos quintais ou muros das residências. É o caso de Cleitiane, que mora na frente de um terreno abandonado, que hoje acumula entulho e restos de materiais de construção. “Meu marido chegou a encontrar 14 escorpiões no quintal, enquanto fazia a limpeza. Eles apareciam com tanta frequência – dentro e fora de casa – que nós tivemos que contratar um serviço de dedetização. Após a aplicação do veneno, dia sim, dia não, começaram a surgir dois, até três escorpiões mortos na calçada”, afirmou.

Monitoramento

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

De acordo com a chefe da fauna filantrópica da Unidade de Vigilância em Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Claudia Staudacher, a situação do bairro é de conhecimento dos órgãos de vigilância e saúde, e ações de monitoramento e prevenção têm sido realizadas regularmente na região.

“A equipe da UPA do Botiatuvinha possui treinamento especializado para atendimento de casos envolvendo escorpiões. Regularmente os colaboradores passam por uma reciclagem para otimização dos serviços. Além disso, são promovidas visitas regulares nos domicílios para prestação de orientações preventivas e cuidados em relação aos escorpiões”, afirmou.

Ainda de acordo com Claudia, as ocorrências se restringem a algumas ruas do bairro, que concentram maior número de terrenos abandonados. Sobre a suspeita de infestação, ela tranquiliza a população. “Não existe infestação de escorpiões em Curitiba. A situação está totalmente controlada e os casos têm sido monitorados”, garantiu.

Hábitos e cuidados

Para orientar a população a respeito dos hábitos dos escorpiões, a chefe da fauna filantrópica da Unidade de Vigilância em Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Claudia Staudacher, esclarece que esse tipo de animal têm hábitos noturnos, preferindo sempre esconderijos subterrâneos.

O aparecimento dos escorpiões à luz do dia, nessa época do ano segundo Claudia é favorecido por alguns fatores tais como: o aumento das temperaturas, que ocasiona a saída dos aracnídeos das tocas, e a própria ação humana. “Na época das férias, muita gente aproveita pra fazer serviços de reforma em casa, e acaba mexendo na terra e consequentemente, desalojando os escorpiões”, explica.

Outros refúgios convidativos aos aracnídeos são pilhas de entulho ou materiais de construção como tijolos ou locais propícios à atração de baratas, como pilhas de lixo mal acondicionado ou caixas de gordura mal vedadas.

“Escorpiões se alimentam de insetos, sendo as baratas as suas principais presas. Por isso, recomendamos que o lixo orgânico seja muito bem fechado e dispensado da maneira correta, assim como as caixas de gordura, que devem ser bem lacradas, para evitar que esses animais apareçam”, recomenda.

Em situações nas quais o acúmulo de materiais é inevitável, como durante o andamento de obras de construção, por exemplo, a recomendação é de que os itens sejam organizados em pilhas verticais, possibilitando a passagem da água da chuva entre as peças acumuladas.

Por último, para evitar a entrada de escorpiões nas residências, Claudia recomenda a vedação de ralos e soleiras com telas finas, vedadores de portas ou panos de chão molhados.

Fui picado! E agora?

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, quem foi picado por um escorpião deve lavar o local da picada com água e sabão, e imediatamente procurar auxílio nas UPA’s ou quaisquer serviços de pronto atendimento. Se possível, recomenda-se levar o animal para identificação com segurança, em um vidro, por exemplo. Em seguida, recomenda-se entrar em contato com a Unidade de Vigilâncias em Zoonoses, pelo telefone 156 da Prefeitura para registro da ocorrência.

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