Skate na quadra

Foi o filho, Leonardo, que fez Elizabeth Villalba, 49 anos, se apaixonar pelo skate. Para a sorte dos skatistas do Boqueirão. A partir do interesse do menino, hoje com 19 anos, e da falta de um lugar seguro para que ele e os amigos pudessem praticar as manobras no próprio bairro, Betinha, como é mais conhecida, começou a pensar que o bairro merecia ter um local próprio para o esporte.

O lugar mais prático seria a Praça Menonitas, por ser uma referência de lazer na região e por ser em frente à loja de skate da família. Mas ali, correr sobre o shape era proibido. Então, Betinha escreveu um projeto voluntário e enviou à prefeitura de Curitiba, propondo que em horários pré-agendados, a quadra poliesportiva pudesse ser usada pelos garotos, sob a supervisão dela.

A proposta foi aceita e, há seis meses, nas segundas e quartas-feiras, das 15h às 20h, entram na quadra as caixas e corrimões móveis, construídos por ela e que ficam armazenados na loja, para as manobras da modalidade skate street. Com um projeto voluntário, Betinha conseguiu potencializar o uso de um equipamento público e criar um espaço de atividades no contraturno escolar para boa parte dos skatistas que usam a quadra.

Foto: Antônio More.
Betinha conheceu o esporte através do seu filho: Leonardo. Foto: Antônio More.

Longe de ser uma pista ideal, porém, o lugar é melhor que qualquer outra pista pública na cidade, dizem os skatistas. “Uma boa pista precisa de pelo menos corrimão reto, um corrimão reto, uma rampa, as caixas. Fui competir no Rio Grande do Sul e vi que lá as pistas em lugares públicos foram construídas com consultoria de quem entende de skate, aqui não. Então, aqui a gente mesmo faz os equipamentos. O skate deu vida nova para a praça e queremos que fique ainda mais movimentada e mais segura”, diz o estudante Matheus Mello, 16.

Betinha, que não só coordena o projeto, mas também faz suas manobras, conta que a cada sessão, a quadra recebe uma média de 50 skatistas. “Nesses seis meses, já passaram cerca de 200 pessoas diferentes por aqui”, comemora.

Próximo passo: a Plaza do Skate

Foto: Antônio More.
Betinha: “Já passaram cerca de 200 pessoas diferentes por aqui”. Foto: Antônio More.

Primeiro, foi a conquista do direito de ter onde praticar o skate. Agora, Betinha e outros skatistas do Boqueirão querem mais: um espaço próprio e adequado para a modalidade no bairro. Eles propuseram à prefeitura a construção de uma “Plaza do Skate” na Praça Menonitas, que nada mais é que uma pista da modalidade.

Assim, os skatistas não precisariam mais de horário fixo para treinar e quem usa a quadra poliesportiva não teria a restrição de horário. “Nosso sonho é ter ainda mais gente praticando esportes aqui, e acabar de vez com essa coisa de ter gente usando drogas na praça”, diz Betinha. Ela conta que o projeto arquitetônico foi feito e doado pelo arquiteto Adriano Peretti, com a consultoria do skatista Lucas Koaski.

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Adriana Brum

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