Curitiba

Em áudio desesperado, mãe pede ajuda pra conseguir R$ 40 mil pra exame urgente pra bebê

Escrito por Lucas Sarzi

Miguel Lorenzo Gonçalves da Silva, um ano. Seria apenas uma criança como qualquer outra, em desenvolvimento, se não estivesse sendo forçado a encarar um problema sério de saúde mesmo tão pequeno. O que ele tem, a família ainda não sabe, mas o que acontece é que o crânio cresce desproporcionalmente e, nesta semana, a situação piorou, deixando a mãe, Kauane Silvia Gonçalves, em desespero. Para um exame genético, a família precisa arrecadar um valor de R$ 40 mil e é aí que entra o motivo desta reportagem. No entanto, em poucos dias, a família já conseguiu o valor necessário.

A Tribuna do Paraná chegou até a história de Miguel por meio de um áudio enviado por Kauane a um grupo de colegas de trabalho. Ela, que tem outro filho, está grávida e é policial militar, se viu perdida, precisando de ajuda, após sair de uma consulta no Hospital Pequeno Príncipe, onde o menino faz acompanhamento desde os quatro meses.

No áudio, Kauane não só abriu o coração, mas contou a todos os colegas de farda sobre o problema que vem vivendo há quase um ano. “Até o quarto mês ele estava bem, mas depois disso começamos a reparar que o crânio aumentava. A cabeça dele ficou muito além da medida esperada para a idade que ele tinha e resolvemos procurar o médico”, disse.

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Segundo a mãe, com cinco meses Miguel tinha um crânio equivalente ao tamanho da cabeça de uma criança com um ano e quatro meses. “Desde então, ele começou a fazer muitos exames. Alguns foram cobertos pelo plano de saúde da PM, mas outros nós tivemos que pagar do próprio bolso e isso fez com que a gente se afundasse em empréstimos. A gente foi dando um jeito de custear isso, alguns amigos fizeram vaquinha para me ajudar a inteirar, mas nessa semana levamos um golpe da vida que a gente não esperava”, desabafou a jovem.

Depois de um tempo, o crescimento descontrolado do crânio de Miguel tinha parado. “Ainda assim, nós tínhamos que manter o acompanhamento para medir o crânio no hospital. Nessa semana, fui medir e descobrimos que a cabeça aumentou dois centímetros em uma semana. Isso é muito, foi o maior aumento em tão pouco tempo”.

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Ainda não se sabe exatamente o que Miguel tem, mas o crânio dele cresce de forma desproporcional. Foto: Arquivo pessoal
Ainda não se sabe exatamente o que Miguel tem, mas o crânio dele cresce de forma desproporcional. Foto: Arquivo pessoal

Novo exame caríssimo

Ao passar pela consulta, os médicos que acompanham Miguel pediram novos exames e Kauane foi atrás disso imediatamente, pois imagina que corre contra o tempo já que o maior problema para a família é ainda não saber o que o menino tem. “Porque todos os exames deram bons resultados e nenhum médico consegue sequer supor o que pode ser. Hidrocefalia, por exemplo, já descartaram, pois outros exames mostraram que está tudo bem”.

Ao conferir com o laboratório como seria o procedimento deste novo exame, que segundo a mãe é um teste genético, Kauane descobriu que não poderia sequer pagar por isso. “O pessoal do laboratório me informou que me colocaria na fila de espera e disse que tinha gente esperando há mais de um ano, me assustei um pouco e ao perguntar se não existia algum meio de ser mais rápido, o pessoal do laboratório me mostrou que todas as outras mães estavam em situações parecidas, então eu entendi que não adiantava nada passar na frente enquanto tinha gente na mesma situação que eu”.

Kauane disse que saiu do laboratório chorando e visivelmente desesperada. “E pouco tempo depois, recebi uma ligação do laboratório dizendo que colheria o material do menino na semana que vem. Mas foi aí que me informaram que esse exame é extremamente caro e o SUS tem dificuldade absurda de liberar, por conta do valor. Voltei à estaca zero”, completou a mãe, explicando que o exame pode custar até R$ 40 mil.

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História de Miguel chegou à reportagem da Tribuna por meio de um áudio desesperado da mãe, Kauane. Foto: Arquivo pessoal
História de Miguel chegou à reportagem da Tribuna por meio de um áudio desesperado da mãe, Kauane. Foto: Arquivo pessoal

Vaquinha criada!

Desesperada, Kauane mandou uma mensagem contando toda a história no grupo de policiais militares e o áudio chegou à Tribuna do Paraná. À nossa reportagem, ela contou que Miguel vai fazer a coleta do exame na próxima quarta-feira (24), mas não é certo se a família vai pegar o resultado. “Porque tenho duas opções: pagar pelo resultado ou esperar a resposta do SUS, que pode levar até dois meses e ainda assim pode ser negativa”.

Ao procurar os colegas de farda, Kauane viu seu problema sendo abraçado por tanta gente que sequer imaginou. “As primeiras pessoas que pensei em pedir socorro foram os colegas da PM, por estarem mais perto. Desde então, eles divulgaram e essa ajuda surgiu. Criaram uma vaquinha e está acontecendo tanta coisa que meu choro, que era um choro de desespero, agora é um choro de alegria”.

Na vaquinha criada, já foram arrecadados mais de R$ 18 mil para os possíveis R$ 40 mil do exame e esse valor só aumenta. “As pessoas entenderam a gravidade do que estamos vivendo. Nós não temos como esperar mais dois meses para aí, possivelmente, descobrimos, o que o Miguel tem. Porque enquanto isso, o crânio dele só cresce e a gente não tem muito o que fazer, porque o resultado desse exame pode ser primordial”. Quem quiser ajudar a família, pode entrar em contato pelo telefone (41) 99832-8686.

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Sus vai bancar!

Em nota, o Hospital Pequeno Príncipe confirmou que Miguel é atendido pelo ambulatório de Doenças Raras da instituição desde abril de 2019 por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).  Ainda conforme o hospital, “em busca de um diagnóstico preciso para determinar a melhor conduta no tratamento, a equipe médica solicitou exames de imagem e laboratoriais (protocolo habitual para investigação de doenças raras) – todos cobertos pelo SUS – portanto sem custos para a família”.

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Sobre o autor

Lucas Sarzi

Jornalista formado pelo UniBrasil e que, além de contar boas histórias, não tem preconceito: se atreve a escrever sobre praticamente todos os assuntos.

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