As más condições no Cemitério Municipal do Boqueirão continuam a preocupar os visitantes do local, que está bastante depredado. O problema, inclusive, se estende por toda a região, trazendo insegurança entre os moradores das proximidades. A situação já foi mostrada pelos Caçadores de Notícias em maio do ano passado, mas pouca coisa mudou desde então. Por isso, a reportagem voltou à região para retratar os problemas, em reportagem publicada na última edição da Tribuna Regional Boqueirão.
Por dentro dos muros – que estão pichados e com as cercas arrebentadas – é comum encontrar túmulos vandalizados e até violados. Os que continuam inteiros acumulam sujeira e dão a sensação de abandono. O problema mais crítico se concentra na parte dos fundos do cemitério, enquanto as sepulturas localizadas próximo à entrada principal apresentam melhores condições.
Tanto o município quanto os familiares das pessoas sepultadas no local são responsáveis pelas boas condições do cemitério. O decreto 1202/2011 determina que “a manutenção dos túmulos é de responsabilidade dos(as) permissionários e seus herdeiros, o qual devem manter os devidos túmulos em condições de sepultamentos”.
Porém, além da responsabilidade das famílias no cuidado com os túmulos, também é possível observar falhas na limpeza das áreas comuns, com mato alto, lixo jogado no chão e sobre as sepulturas. De acordo com a secretaria municipal do Meio Ambiente, desde o final de janeiro está em andamento o processo de manutenção do local, que deve ser concluído até a metade de fevereiro.
Insegurança
A falta de cuidados com o cemitério afeta toda a região do entorno, conforme relatam os moradores locais, que se sentem inseguros por causa dos constantes assaltos e casos de pessoas que se escondem no local para consumir drogas. Para eles, a falta de policiamento ostensivo aumenta os riscos de abordagens a quem passa por lá, especialmente aos pedestres, que são alvo dos assaltantes a qualquer hora do dia e da noite. O perigo, relatam, é maior nas vias laterais: as ruas Dr. Danilo Gomes, Professor Ary Nogueira dos Santos e Henrique Martins Torres.
A técnica em enfermagem Raquel Carlos da Silva, 53, conta que foi abordada duas vezes. Em uma delas, se revoltou contra o assaltante e conseguiu espantá-lo. “Um rapaz parou na minha frente e falou que queria meu celular. Eu comecei a gritar”, lembra. Para ela, assim como a falta de policiamento, a iluminação precária também piora a situação. “A rua fica isolada e de noite é bem escura”.
“Está horrível. Vemos pessoas usando drogas ali dentro (do cemitério), eles pulam o muro quando tá fechado. E de dentro do cemitério os assaltantes conseguem observar a rotina das pessoas que moram na região”, reclama a moradora Emely Easmin Taborda Melo, 23, que ouviu relatos de caixões que foram abertos para o roubo dos pertences dos mortos. “Há uns dois anos o cemitério era mais cuidado e tinha a seguranças que ficavam dando voltas pela região, mas agora parece que a segurança é só pra ficar ali na frente (do cemitério)”, completa.
Manutenção e notificação
De acordo com a secretaria Municipal de Meio Ambiente, as famílias portadoras do documento dos túmulos podem contratar pedreiros particulares ou o serviço oferecido pelo município para realizar trabalhos no local. Nos dois casos será cobrada uma taxa. O mesmo acontece com a limpeza do espaço, que não é taxado. Quando apresenta alguma irregularidade, a família é notificada e tem o prazo de 90 dias para regularizar a situação. Caso a notificação não seja atendida, os lotes são revertidos ao município. Neste ano, será realizado o Processo de Reversão dos lotes no Cemitério Municipal do Boqueirão.
Ampliado
Em 17.918 metros quadrados de território, o Cemitério Municipal do Boqueirão conta com 6,5 mil túmulos, 35.823 sepultamentos (até maio de 2010, conforme divulgado no site da prefeitura) e duas capelas mortuárias.
Em 2007, o local passou por uma ampliação para atender sepultamentos de pessoas carentes e indigentes de Curitiba. São aproximadamente 720 sepultamentos/ano realizados em 1,9 mil gavetas para adultos carentes/indigentes e 684 gavetas para crianças carentes.