De papel passado

O sorriso no rosto era comum entre os 298 casais que oficializaram a união no casamento coletivo na Rua da Cidadania do Carmo, no Boqueirão, na manhã de ontem. De jovens a idosos, todos tinham a mesma ansiedade no olhar e, para eles, a realização de um sonho. Essa foi uma ação conjunta do projeto Justiça no Bairro com a RPC, Tribuna e 98 FM.

A maioria dos casais já morava juntos, mas não tinha oficializado a união por falta de dinheiro ou porque o tempo foi passando e assim ficou. “Decidimos casar porque sentimos a necessidade disso em casa. Até porque, se o marido morre e sem casar, a esposa ainda fala que ficou sem os direitos, né?”, brincou Sebastião da Silva Santos, 69 anos, que se uniu com Vani Ferraz, 57.

Foto: Antonio More
Casamento coletivo une 298 casais em Curitiba. Foto: Antonio More

O casal, que já vive junto há 32 anos, decidiu oficializar a união quando soube que a filha, Rosangela Ferraz, 21, iria casar. “A gente ia casar no ano passado, mas não deu certo. Aí decidimos oficializar agora e meus pais resolveram casar também. Diferente”, disse a jovem, que oficializou o relacionamento com Denis Peterson, 24, junto com a filha do casal, de apenas dois meses.

Além do casamento no cartório, os quatro devem se casar também na igreja e já têm data marcada: “No dia 26, no Uberaba. Vamos casar todos juntos e pretendemos fazer uma festa. Lá no futuro ela (a neta) vai falar que veio com a mãe casar”, comentou Sebastião.

A preparação de 60 noivas começou cedo, no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Elas receberam maquiagem, cabelo e os serviços de um salão de beleza de graça. “Amei. Uma chance única. Toda mulher fica muito feliz em poder ser bem tratada, né?”, comentou Roseli Aparecida da Silva, 45, que já mora junto com o marido há 27 anos. Ela contou que a iniciativa pelo casamento partiu de maio. “E em maio, no ano que vem, vamos casar na igreja”.

Sonhos e emoções

Foto: Antonio More
Rodolpho e Maria do Rocio estão juntos há mais de 40 anos. Foto: Antonio More

Sem seguir qualquer regra, Francielle de Fátima da Silva, 23, decidiu tomar a iniciativa e pediu o namorado, Jeferson Cruz Fonseca, 22, em casamento. “Estamos juntos há cinco anos. Íamos casar na outra edição do casamento coletivo, que teve no começo do ano, mas não conseguimos vaga. Dessa vez, ele não escapou”, brincou a jovem. O casal não pretendia fazer festa, pois já estavam com viagem marcada. “Saindo do casamento, vamos para São Paulo para aproveitar nossa lua de mel”.

Emocionados, Rodolpho Gazabin e Maria do Rocio Barbosa, juntos há 44 anos, finalmente puderam oficializar o casamento. “Já temos uma família formada, já temos uma história construída, mas eu ainda não tinha realizado meu sonho. Realmente foi muito emocionante”, comentou Maria do Rocio, que ainda estava alegre por poder ter o sobrenome do agora marido. “Sempre quis e agora também sou uma Gazabin”.

Momento único

Foto: Antonio More
Cerimônia teve presença de pastora. Foto: Antonio More

A desembargadora Joeci Machado, que promove os casamentos coletivos desde 2003, estava emocionada. “Cada casamento é uma emoção diferente, por causa das histórias dos casais, das dificuldades que eles nos apresentam. A gente compartilha da felicidade, do momento único de cada casal”. A desembargadora disse que não pretende parar com as promoções dos casamentos, que já uniram mais de 20 mil casais.

Ainda em 2016, o último casamento coletivo a ser realizado vai ser em Apucarana, no Norte do Paraná, e as inscrições podem ser feitas até segunda-feira (14), no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) da cidade. Conforme a desembargadora, a próxima edição do casamento coletivo em Curitiba vai ser no dia 29 de março de 2017, aniversário da capital, e será ainda especial. “Vamos comemorar os 15 anos do programa Justiça no Bairro, que foi o nosso presente para Curitiba”.

Alguns casais, que não puderam oficializar a união no evento desta quinta-feira, por causa de documentações pendentes, não ficaram de fora. Como os trâmites já estavam em andamento, estes casais vão oficializar, no próprio cartório, como remanescentes e sem pagar nada.

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