A física ensina que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. A teoria é vista na prática, diariamente, na Rua Comendador Lustoza de Andrade, no Bom Retiro, especialmente no trecho entre as vias Professor Macedo e Manoel A. Fernandes. A via, estreita e de mão dupla, abriga muitos carros estacionados no lado permitido durante o horário comercial, o que reduz o espaço de passagem. Quando dois veículos se cruzam, um deles sobe na calçada para permitir que o outro passe ou os retrovisores se chocam. “Acontece batida de espelho quase todo dia”, diz o vigilante de um escritório de advocacia que fica no local, Paulo Gonella, 44 anos.
A firma de advogados ocupa três imóveis e os carros dos funcionários ficam estacionados ao longo da rua. O taxista José Carlos da Silva, 54, costumar pegar clientes no escritório e diz que o trânsito ali é complicado. “Aqui é terrível, principalmente de manhã cedo, ao meio-dia e no final da tarde. Não tem espaço para os carros passarem, trava tudo. Ou tinha que fazer a rua virar de mão única ou proibir o estacionamento”, sugere.
A autônoma Karina Bandeira, 37, mora praticamente em frente à firma e diz já ter se incomodado muito. “Estacionam direto na frente da minha garagem. Sabem que não é permitido e estacionam mesmo assim. Aí eu ligo para a Setran, mas eles demoram tanto a vir que, quando chegam, o dono já tirou o carro”, conta.
A quantidade de veículos parados, segundo a moradora, atrapalha a visibilidade dos vizinhos que precisam sair e chegar dirigindo. “Tenho vários protocolos abertos no 156, os outros moradores também já procuraram a prefeitura para encontrar alguma solução. Esse problema tem pelo menos dez anos”, desabafa Karina. De acordo com ela, os motoristas que sobem no meio-fio para conseguir passar pela rua ao cruzar com outro veículo já quebraram sua calçada diversas vezes. “E sou eu que tenho que consertar, dói é no meu bolso.”
Abaixo-assinado
A Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) informa que está aberta a discutir possíveis mudanças na rua em questão. “Para isso, no entanto, é necessário o envolvimento da comunidade que vive nessa via e no seu entorno, uma vez que a mudança para sentido único teria impacto também nas ruas vizinhas. Assim, o caminho usual para dar início a esse tipo de discussão é a apresentação de um abaixo-assinado de moradores, comerciantes e representantes das instituições instaladas na região, que deve ser protocolado diretamente na Setran ou na Administração Regional da Matriz”, instrui o órgão.
Sobre o atendimento dos agentes de trânsito ao chamado dos moradores nos casos de carros estacionados sobre a calçada, a Setran informa que recebe, via 156, centenas de chamadas por dia e que atende conforme os registros são feitos. “Como o volume é grande, nem sempre o atendimento pode ser feito com a agilidade esperada pelo usuário”, admite.